Agora MT Variedades Música e Cultura Ouvir música pode diminuir estresse na consulta ao dentista
PAVOR

Ouvir música pode diminuir estresse na consulta ao dentista

Pesquisa realizada pelo grupo recentemente concluiu que a música é benéfica também para o efeito de remédios para hipertensão

Da Redação com Galileu
VIA

Ir ao dentista pode ser muito estressante para algumas pessoas. Pensando em aliviar esse momento traumático (mas necessário!) do dia a dia, pesquisadores do Brasil e do Reino Unido analisaram se seria possível acalmar os pacientes com uma dose de música. E os resultados são bem animadores, segundo o artigo publicado na revista Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine.

O estudo envolveu 50 pacientes com pulpite irreversível e necrose pulpar (tipos de inflamações na polpa dentária), que foram divididos em dois grupos. Metade passou pelo tratamento endodôntico (o famoso tratamento de canal) ouvindo “Träumerei”, ópera de Robert Schumann, com fones de ouvido; e a outra metade fez o procedimento com fones de ouvido desligados.

Analisando a saliva dos pacientes mais tarde, os pesquisadores observaram que o grupo que ouviu música clássica enquanto passava pelo tratamento apresentou um nível menor de cortisol, o hormônio do estresse, e menos sobrecarga cardíaca.

“Essas evidências que nós demonstramos suportam o uso da música calma e relaxante durante qualquer procedimento odontológico, porque nós detectamos que não houve nenhum efeito colateral negativo”, afirma Vitor Engrácia Valenti, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e orientador do estudo, fruto do pós-doutorado de Milana Drumond, professora da Faculdade de Juazeiro do Norte.

“Além dos exames, que são provas objetivas desse efeito, os pacientes também relataram que se sentiram mais relaxados ao ouvir a música durante o tratamento”, conta o professor.
Isso acontece porque a música interage com o nosso sistema nervoso autônomo — que controla os movimentos involuntários do nosso organismo, como os batimentos cardíacos — e seus dois componentes, o simpático e o parassimpático. O primeiro é estimulado quando estamos sob uma situação estressante. Nesse caso, os pacientes estavam tomando uma anestesia local no nervo alveolar inferior, tiveram suas cáries retiradas, ganharam um canal e tiveram os ferimentos vedados para evitar infecções — o que pode parecer um roteiro de filme de terror para muita gente.

Em contrapartida, o sistema parassimpático também foi ativado — ao menos entre aqueles que ouviram música. O grupo com o fone de ouvido ligado teve uma liberação menor de cortisol, hormônio liberado pelo sistema simpático sob estresse. “Além disso, nós verificamos que, quando houve um aumento da atividade simpática em pacientes que ouviram música, esse aumento foi menos intenso”, explica o professor.

“Isso levou o nosso grupo a concluir que, quando o paciente está em situação de estresse, a música alivia essa sensação por meio da diminuição do cortisol, que é um hormônio que está relacionado ao sistema endócrino e ao sistema nervoso autônomo”, pontua.

O estudo foi realizado pelo grupo de pesquisa composto pela Unesp, a Faculdade de Juazeiro do Norte e a Oxford Brookes University, que se dedicam a estudar os efeitos fisiológicos da música. Uma outra pesquisa realizada pelo grupo recentemente concluiu que a música é benéfica também para o efeito de remédios para hipertensão.

Relacionadas

Especiais

Últimas

Editoriais

Siga-nos

Mais Lidas