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Verdadeiro criador da música dos Beatles foi revelado

Por muitos anos, John Lennon e Paul McCartney aclamaram para si a autoria do sucesso "In My Life"

Da Redação com Galileu
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There are places I’ll remember, all my life…”. É assim que começa a nostálgica e tão famosa música dos Beatles, “In My Life”, que está presente no álbum Rubber Soul, de 1965.

Apesar de sua fama e de sua grande aceitação pelo público desde a época em que foi lançada, a música sempre foi um mistério para a comunidade de fãs do quarteto de Liverpool antes mesmo de a internet existir.

Em 1980, o guitarrista e cantor John Lennon disse em entrevista à Playboy que “In My Life” era de sua autoria, afirmando, inclusive, que aquela era a primeira música que já tinha escrito conscientemente sobre sua vida. Lennon também explicou que seu parceiro de banda, Paul McCartney ajudou com o “middle-eight”, nome dado à estrutura das músicas em que há uma diferente melodia e letra.
lguns anos mais tarde, em 1984, McCartney contou seu ponto de vista acerca da produção da música, também em entrevista à revista Playboy:

“Eu acho que escrevi a música para isso; ela é uma em que nós discutimos um pouco. John esqueceu ou não lembrava que eu escrevi a música. Lembro-me que ele tinha as palavras, como uma espécie de poema sobre rostos dos quais ele se lembrava… Recordo de sair por meia hora e me sentar com um Mellotron [teclado eletromecânico polifônico] que ele tinha e ficar escrevendo a música. Ela foi inspirada [no grupo musical] The Miracles. Na verdade, muitas coisas eram inspiradas neles naquela época.”

Agora vamos avançar mais algum tempo e pular direto para o século 21. Há cerca de dez anos, o professor de matemática Jason Brown (que também é fã de Beatles) conseguiu responder a um outro mistério relacionado à banda de rock: como o acorde dramático que inicia a faixa “Hard Day’s Night” foi tocado – mas esse é um outro assunto.

De lá para cá, o estudioso Brown tem trabalhado para resolver o mistério acerca da autoria de “In My Life”. Ele uniu forças com os matemáticos Mark Glickman e Ryan Song, da Universidade de Harvard (Massachusetts, EUA) para descobrir o enigma.

Os achados foram divulgados durante uma palestra intitulada “Avaliando a autoria de músicas dos Beatles a partir do conteúdo musical: classificação bayesiana de representações de conjunto de palavras”, durante a conferência Joint Statistical Meetins de 2018, no Canadá. Spoiler: os estudiosos afirmam que a música foi escrita por Lennon.

O termo “conjunto de palavras” (bag of words, em inglês), é uma terminologia conhecida na área da computação. Esse conceito remonta à década de 1950, quando cientistas da computação criaram filtros de spam. A ideia de uma representação de conjunto de palavras consiste em pegar um pedaço de texto e ignorar toda a ordem e gramática dos termos que o compõe.

“Apenas consideramos isso como uma coleção de palavras”, explicou o matemático Jeith Devlin, da Universidade de Stanford (Califórnia), em entrevista ao National Public Radio. “Uma vez feito isso, é possível contar a frequência das diferentes palavras no conjunto.”
Um jeito mais simples de entender o conceito é lembrar daqueles infográficos de nuvens de palavras que muitos sites da internet fazem com perfis nas redes sociais. Em uma nuvem de palavras, o tamanho do texto de cada palavra é determinado pela frequência com que ela aparece.

Ao aplicar essa ideia à música, os matemáticos Brown, Glickman e Song analisaram uma variedade de trechos extraídos de cerca de 70 canções dos Beatles. Isso resultou em um conjunto de “notas e acordes”, possibilitando ao grupo chegar a resultados da mesma maneira.

“Eles descobriram que havia 149 transições muito distintas entre notas e acordes que estão presentes em todas as canções dos Beatles”, explicou Devlin. “E essas transições são muito particulares de uma pessoa para outra.”

Depois de mapear essas transições e especificá-las aos quatro membros da banda, não foi difícil descobrir quem era o verdadeiro autor de “In My Life”.

“Quando fizemos as contas ao analisar cada pequeno pedaço que são únicos para cada indivíduo, a probabilidade de que McCartney tenha escrito “In My Life” é de .018 – isso é essencialmente zero”, disse Devlin.

Ele acrescentou que a descoberta é “bastante definitiva” e que ele confiaria mais na matemática do que em lembranças pessoais, “especialmente porque [Lennon e McCartney] escreveram em colaboração ao longo dos anos 60 em um estado mental alterado devido a todas as coisas que eles estavam ingerindo”.

Se você era team McCartney, não adianta ficar de cara feia com a matemática – infelizmente ela não é capaz de voltar no tempo e nos mostrar o que realmente aconteceu. Basta saber como o ex-Beatle se posicionará acerca dessa nova descoberta.

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