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Equilíbrio é chave na relação de casal

Por Dulce Figueiredo
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Imagem: Dulce Figueiredo psicóloga
Dulce Figueiredo psicóloga

Passada a fase da paixão, é comum os casais se queixarem que alguma coisa mudou em relação ao parceiro. Comportamentos até então interessantes ou mesmo toleráveis se tornam um fardo. A chegada de um filho, por exemplo, pode desencadear inúmeros problemas e levar a uma separação.

É comum neste segundo momento da relação, onde a cegueira é substituída por ‘lentes de aumento’, as críticas serem ácidas e frequentes. E quando a crise não provoca um rompimento, pode fazer algo pior, criar um vínculo negativo, onde se soma no negativo e não no positivo. A relação se torna tóxica.

Se você de alguma forma se sente assim, mas não entende o porquê, talvez seja a hora de olhar para si mesmo sem máscaras. Afinal, aonde está a parte que me cabe naquilo que tanto julgo na minha parceira ou no meu parceiro?

Presos a modelos que trazemos da nossa família de origem, sem perceber muitas vezes tentamos reviver situações que geram sofrimento. Podemos virar de forma equivocada: ‘papai da companheira’, e começamos a achar que temos que protegê-la, orientá-la, dar bronca, pagar sorvetes e a entrada no parque de diversões.

Já a mulher tem tendência a virar ‘mamãe do companheiro’, mostrando-se cuidadora, censora, como quem vigia o boletim escolar e as mensagens de WhatsApp, também critica a roupa que ele veste e os modos como se porta com os outros, oferece remedinho e trata-o como criança quando  está dodói.

Agindo como superiores, podemos ocupar o lugar de conselheiro, orientando sobre como agir no trabalho, na família, nas amizades. Motivamos para a vida, damos livros geniais, indicamos filmes e cursos, sempre com o intuito de ajudar àquela pessoa, porque, afinal, daquele jeito que o ‘traste’ ou a ‘madame’ está, não vai dar certo!

Há pessoas, que por sua vez, fingem que está tudo bem, não cobram nada, permitim que o outro seja como é, mas no fundo, têm muito medo do compromisso, e ficam inconscientemente torcendo que o outro vá embora. Afinal, lá no fundo sabem que “serão abandonadas”. E também, tanto faz: ‘ele não era tudo isso; eu arrumo outro!’

Eu poderia ficar falando de padrões de comportamento em casais que massacram, oprimem, amarram, seduzem, até amanhã. Ou depois de amanhã. Mas o padrão em si não é o importante neste momento. Gostaria que você analisasse a si mesmo, e pensasse nestas perguntas:

– Por medo de perdê-lo (a), o que eu faço? Prendo ou abandono? Seduzo ou chantageio? Fico em cima ou dou espaço? Viro professor ou cuidador? Adoeço ou mostro-me mais poderoso?

– Também, por medo de perder minha liberdade, busco ocupações externas? Dou escapadas? Trabalho demais ou me ocupo com a família e outras pessoas sem ter tempo?

Outra análise fundamental se dá em torno da lei do equilíbrio, fundamental para manter as trocas a um nível em que o relacionamento funcione. Observe que dentro de nós há uma espécie de conta corrente de débito e crédito para relações em mesmo nível hierárquico, como amigos, casais e trabalho (aqui não entram pais e filhos).

Na troca positiva, é importante aquele que foi beneficiado com algo bom retribuir e acrescentar algo mais, fortalecendo o vínculo, que cresce no amor. Mas, como seres humanos imperfeitos, todos nós erramos, então, como manter este equilíbrio? Temos que perdoar ou ignorar o que o outro nos fez?

Pelo contrário! Numa relação de igual para igual (como casal), é preciso compensar também a troca negativa dando o ‘troco’, mas , sempre com um pouco menos. Porque quando fazemos isso, saíamos do lugar de ‘vítima’ (superior), para oportunizar uma reparação de quem errou. Não é tão simples quanto parece, pois só funciona se realmente conhecemos nosso companheiro e não utilizamos receitas prontas.

Diz o ditado que quem está fora quer entrar e quem está dentro quer sair, mas, como profissional, avalio que a melhor forma de crescimento é sem dúvida estar em um relacionamento afetivo. Se bem trabalhada e saudável, é uma experiência muito rica de autoconhecimento e aprendizado constante para ambos!

Dulce Figueiredo, psicóloga com 24 anos de experiência e pedagoga pela UFRJ, especialização em terapia de família sistêmica, MBA Gestão de Recursos Humanos

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