Imagens de segurança de uma casa mostram o momento em que o suspeito de matar Francisca Batista da Silva carrega o corpo da vítima nas costas por uma rua do Capão Redondo, na Zona sul da cidade de São Paulo. O crime aconteceu nesta terça-feira (22).
Segundo a polícia, ela foi estrangulada por Sandoval Santos Bastos, de 34 anos. Ele foi preso horas após o crime. Quando ele chegou à delegacia, os parentes da vítima tentaram agredi-lo. O caso foi registrado como homicídio qualificado.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o caso foi registrado como homicídio qualificado com o agravante de feminicídio e violência doméstica no 47º Distrito Policial.
Eles tinham um relacionamento há menos de um ano. Sandoval teria conseguido dinheiro emprestado para deixar a cidade.
Vizinhos contam que escutaram gritos de Francisca. “Eu escutei gritos, por volta das 9h da noite. Eu ouvi ela pedindo para sair e ele falou que não ia deixar ela sair, porque não tinha terminado ainda.”
A filha da mulher morta pelo companheiro, no Capão Redondo, Zona Sul da cidade de São Paulo, pediu, nesta quarta-feira (23), que pessoas com “comportamento estranho” sejam denunciadas. “Você pode salvar a vida de uma pessoa. Não é da sua família, mas pode ser”, disse Gabriela Silva de Souza.
Detido, Sandoval alegou em depoimento que Francisca passou mal e morreu no quarto e que ele levou o corpo para a calçada com medo de que as pessoas pensassem que ele a matou.
FEMINICÍDIO
As denúncias de violência doméstica estão crescendo desde que a lei foi criada em 2015. No estado de São Paulo, o número saltou mais de 200%.
Para o promotor de Justiça Felipe Zilberman, as mulheres e a Justiça estão mais conscientes.
“Hoje as mulheres estão mais conscientes. Estão denunciando mais, estão comunicando mais as agressões e pode significar também que os operadores do direito, as autoridades policias, os promotores, os juízes estão, nos primeiros registros de ocorrência, se utilizando na nomenclatura prevista na lei, do nome, do termo feminicídio.”
O Brasil é o quinto país no mundo em que mais se mata mulheres por causa de violência doméstica ou familiar. Em São Paulo, de janeiro a novembro de 2018, 377 mulheres foram vítimas de feminicídio ou tentativa de feminicídio. Em muitos casos, a arma de fogo é usada pelos agressores.
Com o decreto presidencial, que facilita a posse de arma, a defensoria pública acendeu um sinal de alerta e criou um formulário padrão para as vítimas que queiram pedir a suspensão da posse de arma de agressores.
“O que nós fizemos foi um modelo de petição, em que a gente traz essa possibilidade de se pedir a medida protetiva da suspensão de posse. Mas, independente desse modelo, a mulher pode solicitar diretamente na delegacia, sem a necessidade de nenhum papel, e narrar a ocorrência de algum crime, ela pode já pedir as protetivas, seja da suspensão da posse ou afastamento do lar, ou a não aproximação e do não contato.”
A defensora pública Paula Sant’Anna Machado de Souza explica.
“Uma das previsões que a lei Maria da Penha trás é a possibilidade de suspensão da posse ou do porte de arma quando existe essa arma. Quando a gente fala de posse, dessa arma dentro de casa, visando o quê? Que essa mulher tenha a sua integridade física e psicológica resguardada.”