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Contra violência nas cadeias, Paraguai expulsará presos brasileiros

Da redação com Uol
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O PCC (Primeiro Comando da Capital) tornou-se uma quadrilha transnacional e já está estabelecida também no Paraguai. De acordo com o próprio governo paraguaio, cerca de 400 presos no país estão ligados à facção criminosa brasileira, a qual assumiu o controle de algumas cadeias do país vizinho.

Uma delas é o presídio em San Pedro del Ycuamandiyú, a cerca de 220 km da fronteira com o Brasil. No dia 16, presos ligados ao PCC mataram outros dez presidiários no local –cinco foram decapitados e três foram carbonizados- durante uma rebelião iniciada logo após o almoço.

O caso levou o governo do Paraguai a anunciar a expulsão de presos brasileiros do país. A medida vai afetar os brasileiros que tenham alguma ligação com facções criminosas e que também sejam procurados ou condenados no Brasil.

O ministro do Interior do Paraguai, Juan Ernesto Villamayor, informou que cerca de 10% membros do PCC presos em cadeias paraguaias são brasileiros, ou seja, cerca de 40. Disse também que, neste momento, o Paraguai trabalha para que entre 12 e 14 presos desse grupo sejam expulsos.

A expulsão de um estrangeiro é uma ação unilateral de um governo. Ou seja, o Paraguai pode expulsar presos brasileiros de seu território sem o aval do Brasil.

Villamayor, entretanto, declarou na última terça que mantém contato com o Brasil sobre o caso e aguarda uma posição brasileira para enviar os presos para cá.

“Há uma série de questões operacionais a serem definidas”, explicou o ministro. “Eles [o governo brasileiro] têm que decidir para que penitenciárias os presos expulsos irão. Há procedimentos administrativos que eles têm que fazer.”

Procurado pelo UOL, o Ministério da Justiça informou que a Polícia Federal trabalha num acordo de cooperação para recepção dos presos brasileiros expulsos do Paraguai. Segundo o órgão, as negociações estão em fase preliminar.

PCC trava guerra contra facção local
O promotor paraguaio Hulgo Volpe investiga a participação do PCC em crimes no país. Segundo ele, o governo paraguaio já vinha estudando expulsar grupos de presos brasileiros há alguns meses. A rebelião serviu para acelerar o anúncio da medida.

Segundo Volpe, é fato que o PCC já controla presídios no Paraguai. Hoje, inclusive, ele tem força para disputar a hegemonia em cadeias do país vizinho, assim como nas rotas de tráfico de drogas e contrabando, com facções paraguaias.

Uma quadrilha rival do PCC no Paraguai como o Clã Rotela, cujo líder é o paraguaio Armando Rotela. Ele está preso desde o ano passado e é acusado de controlar a venda de drogas no Paraguai, sobretudo o crack.

A rebelião no presídio de San Pedro del Ycuamandiyú, aliás, estaria ligada a essa disputa entre o PCC e o Clã Rotela. Dos dez presos mortos no motim, nove pertenciam ao grupo paraguaio.

Segundo autoridades paraguaias, o PCC também seria o responsável por uma rebelião ocorrida no presídio de Tacumbú, que fica na capital Assunção, local em que Armando Rotela está preso.

Dois dias antes do motim em San Pedro del Ycuamandiyú, presos recém-recrutados pela facção brasileira mataram dois presidiários e feriram outro numa ação que serviu para eles como um “batismo de sangue”.

Por conta das rebeliões, além da expulsão dos presos brasileiros, o ministro paraguaio Villamayor afirmou que o governo pretende utilizar as Forças Armadas do país na segurança de seus presídios. A mobilização dos militares, segundo o ministro, seria temporária e utilizada para guardar o entorno das cadeias. Para que ela ocorra, contudo, uma legislação específica precisa entrar em vigor.

“O Executivo já se comprometeu a providenciar [a legislação]”, disse o ministro. “As Forças Armadas protegerão o perímetro dos presídios. Não cumprirão as funções de agentes penitenciários.”

PCC busca espaço desde 2016
O promotor Volpe ressaltou que presos ligados ao PCC já foram expulsos do Paraguai e transferidos para o Brasil anteriormente. Nesses casos, as expulsões afetaram principalmente líderes da facção criminosa que estavam detidos no país vizinho.

Em novembro do ano passado, o traficante Marcelo Fernando da Veiga, conhecido como Piloto, foi enviado ao Brasil. Em março deste ano, foi a vez de Thiago Ximenes, o Matrix, ser entregue ao Brasil.

Segundo Volpe, esses traficantes lideravam as ações do PCC no Paraguai. A facção tenta, desde 2016, assumir o controle de rotas de tráfico de drogas, armas e de contrabando para o Brasil.

A ofensiva do PCC começou em junho daquele ano com o assassinato do brasileiro Jorge Rafaat Toumani em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia na fronteira com o Brasil. Rafaat era, até então, o chefe do comércio ilegal de drogas e armas na região.

O assassinato chamou a atenção de autoridades pois ocorreu após uma emboscada que envolveu pelo menos três veículos – um deles transportava uma metralhadora antiaérea. Os tiros vindos dela romperam a blindagem do carro de Rafaat e o mataram.

De lá para cá, a disputa pelo controle do tráfico na fronteira Brasil-Paraguai matou pelo menos 30 pessoas, muitas assassinadas em emboscadas.

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