O instituto de pesquisa Imazon divulgou hoje um relatório que aponta um crescimento de 66% no desmatamento na chamada Amazônia Legal no mês de julho de 2019, em comparação com o mesmo período no ano passado. O estudo mostra que, no mês, foi detectado o desmatamento de 1.287 km² na região — uma área que equivale à do município do Rio de Janeiro.
O Imazon é uma associação sem fins lucrativos qualificada pelo Ministério da Justiça. O instituto faz o monitoramento da Amazônia por meio de imagens de satélites, que reportam mensalmente o ritmo de desmatamento e degradação da floresta.
A organização não é ligada ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais), que no início de agosto divulgou que o desmatamento cresceu 278% no mês de julho. Por usarem metodologias diferentes, as pesquisas desses institutos não são comparáveis. Os dois estudos, no entanto, indicam um aumento no desmatamento.
O SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento), do Imazon, detecta áreas de desmatamento a partir de 1 hectare (10.000 m²). O Inpe, por sua vez, faz uso do Deter (Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real), que utiliza dados dos satélites CBERS-4 e IRS-2 e é capaz de fornecer estimativas de desmatamento diariamente, com uma resolução de cerca de 60 metros.
A divulgação de dados de desmatamento pelo Inpe gerou uma crise com o governo. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) acusou o Inpe de mentir sobre os dados de desmatamento no país. O episódio culminou na exoneração do diretor do órgão, o físico Ricardo Galvão.
Aumento de 15% em 1 ano
Os dados divulgados hoje pelo Imazon mostram, ainda, um aumento de 15% no desmatamento entre agosto de 2018 e julho de 2019 em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Neste período, a publicação aponta que foram desmatados 5.054 km² da Amazônia legal. Segundo o estudo, o Pará foi o estado que mais concentrou casos de desmatamento, com 36% dos episódios. Ele é seguido pelo estado do Amazonas, com 20%.
Cerca de 55% dos desmatamentos ocorreram em áreas privadas ou sob estágio de posse, segundo o relatório. O desmate em assentamentos correspondeu a 20%, em Unidades de Conservação foi de 19% e em Terras Indígenas de 6%.
Floresta degradada
A área de floresta degradada (quando há “um distúrbio parcial na floresta causado pela extração de madeira e/ou por queimadas florestais”), por outro lado, apresentou uma diminuição em comparação com o ano passado, segundo o Imazon.
O estudo aponta que, enquanto foram degradados 135 km² em julho de 2019, no ano passado a degradação foi de 356 km² no mesmo mês –o que equivale a uma redução de 62%.
As degradações de 2019 foram detectadas nos seguintes estados:
Pará (44%)
Rondônia (18%)
Amazonas (16%)
Roraima (11%)
Mato Grosso (8%)
Acre (3%)