A Polícia Civil, por meio da equipe especial, designada exclusivamente para conclusão dos inquéritos sobre o esquema de interceptações ilegais em Mato Grosso que ficou conhecido como “Grampolândia Pantaneira”, interrogou nesta quarta-feira (1809) Elisângela Medeiros Oliveira, esposa do cabo da Polícia Militar, Gerson Luiz Ferreira Corrêa Júnior. Ela foi ouvida para esclarecer questões apuradas nas investigações que agora são coordenadas pela delegada Ana Cristina Feldner.
O militar é réu confesso num processo criminal decorrente do esquema de escutas clandestinas e considerado uma das principais testemunhas do caso. Gerson já confessou sua participação em crimes relacionados com as escutas ilegais operadas na gestão do ex-governador Pedro Taques (PSDB) e revelou nomes de outros envolvidos, inclusive membros do Ministério Público Estadual (MPE), ou seja, promotores e procuradores de Justiça.
A coordenadora delegada Ana Cristina Feldner informou que Elisângela mulher de Gerson, aparece em algumas situações, como a assinatura como fiadora no contrato de locação da sala usada para fazer as escutas ilegais, além da conta de internet usada no escritório clandestino estar em seu nome.
As investigações também apontaram que ela teria levado um aparelho celular ao cabo, quando ele estava preso no batalhão da Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam). Ela também é investigada por envolvimento com a origem de R$ 35 mil, valor emprestado pelo cabo a um amigo.
Conforme a delegada, todas as informações serão analisadas, inclusive se a mulher tinha conhecimento e envolvimento com a organização criminosa investigada. Durante o depoimento, Elisângela alegou que acredita na inocência do marido.
Interceptações clandestinas
A Polícia Civil investiga um suposto esquema de escutas telefônicas clandestinas praticado no Estado, entre os anos de 2014 e 2016. Conforme as investigações, empresários, políticos, magistrados, policiais e jornalistas tiveram os aparelhos celulares interceptados por membros da Polícia Militar a mando de integrantes do Governo do Estado sob o comando do então governador Pedro Taques.