Em defesa da tabela de frete e insatisfeitos com o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), alguns caminhoneiros começam a se mobilizar no País organizado protestos sob alegação de que o governo “virou as costas” para a categoria. Em um vídeo que circula pelas redes sociais e grupos de WhatsApp, um caminhoneiro que se identifica como Emerson Chiquito, morador do município de Ponta Grossa, no Paraná, conclama profissionais autônomos que trabalham com frete a se juntar à mobilização.
Na gravação, ele conclama caminhoneiros de Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, interior de São Paulo, Goiás, das regiões Nordeste e Centro Oeste para se juntarem ao movimento. Apesar disso, não houve protestos em Mato Grosso nesta quarta-feira (4). Alguns atos isolados foram realizados no Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e alguns municípios do Nordeste.
No vídeo o caminhoneiro alega que parte da categoria fez campanha para o governo nas eleições de 2018, mas segundo ele, o presidente virou as costas para os trabalhadores autônomos que vivem de frete. “Estamos convidando você ai, meu parceiro, que tem uma lei vigente, que está assinada e não é cumprida, a lei do piso mínimo. Estamos convidando você a se manifestar a sua indignação”, diz ele ao lado de uma rodovia.
“Esperamos que você pai de família, que tem dignidade e bota o pão na sua mesa, saia pra rua, pega o seu caminhão, faça uma faixa e vai pra pista, que é isso ai que nos resta. O governo virou as costas pra nós e a gente não queria isso Bolsonaro, a gente não queria, infelizmente, mas é o que vai ter que acontecer”, reclama o caminhoneiro. Assista ao vídeo logo abaixo:
Ao portal AGORA MATO GROSSO, o presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens de Mato Grosso (Sincam-MT), Roberto Costa, confirmou que, por enquanto, não existe protesto de caminhoneiros sendo organizado no Estado.
Porém, observou que vai chegar um ponto em que os caminhoneiros não terão condições de trabalhar, pois não tem fretes para todos e muitos sequer estão conseguindo fazer a manutenção do caminhão ou trocar o óleo. “Daqui uns dias vai parar na marra, sem condições de rodar”, diz.
Roberto Costa ressaltou, no entanto, que a categoria em Mato Grosso, embora não tenha aderido aos convites de manifestação, está insatisfeita com o atual presidente. Para ele, Bolsonaro “só está empurrando com a barriga”. “A pauta que tem é a do ano passado que o governo não cumpriu. Deram uma lei que já nasceu morta, ninguém cumpre, ninguém paga. Está todo mundo indignado, o cara está pagando para trabalhar, essa é a realidade”, lamenta.
Conforme o sindicalista, “as transportadoras não cumprem a lei do piso mínimo, não cumprem o vale-pedágio, não cumprem a lei de estadia. Agora vai da conscientização de cada um, ver até aonde o cara aguenta”, criticou ele explicando que o funcionário que for reclamar na porta da empresa exigindo cumprimento das leis, acaba demitido.
Julgamento da tabela de frete adiado no STF
No Supremo Tribunal Federal, o julgamento sobre a validade da tabela de fretes estava marcado para esta quinta-feira (4 de setembro), mas foi adiado, sem nova data prevista. Relator do caso no Supremo, o ministro Luiz Fux, atendeu pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) e retirou a matéria da pauta de julgamento. A AGU pediu que fosse adiado porque o governo negocia uma solução alternativa ao tabelamento com os caminhoneiros.