Um amontoado de lixo composto por colchões velhos, sacolas, restos de roupas, garrafas plásticas, vidros quebrados, marmitas e uma série de entulhos. Tudo isso misturado a um forte odor de urina e outros dejetos. Esse é o cenário da Estação Aeroporto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que dá as “boas vindas” a turistas e demais mato-grossenses que desembarcam a menos de 100 metros dali, no Aeroporto Internacional Marechal Rondon, em Várzea Grande (MT).
A estrutura integra uma obra da Copa do Mundo de 2014 que já consumiu mais de R$ 1 bilhão e não há qualquer previsão de ser concluída e entregue oficialmente. É o retrato do abandono, da falta de planejamento e do descaso com o dinheiro público.
Nas paredes, é possível constatar marcas de fumaça, resultado de fogo colocado propositalmente por moradores de rua e usuários de droga que fizeram do local uma moradia e por lá transitam tranquilamente a qualquer hora do dia e da noite.
Pichações em algumas paredes completam o cenário vergonhoso que se transformou a única estação concluída do VLT e que atualmente é utilizada por usuários do transporte coletivo para embarque nos ônibus que passam pela avenida João Ponce de Arruda em direção aos bairros do Grande Cristo Rei e rumo à Capital.
Quem passa diariamente na pista de caminhada atrás da Estação Aeroporto constata que os entulhos se acumulam no local há vários meses. Também é possível averiguar a presença de um homem que utiliza a estrutura para dormir, se alimentar e descartar restos de lixo e garrafas de bebidas. Pelo forte odor, acredita-se que ele faz suas necessidades fisiológicas também no local.
Do outro lado da plataforma, de frente para a avenida, usuários do transporte coletivo aguardam sentados em bancos ou em pé a chegada dos ônibus.
Quanto à obra do VLT em si, não existe a certeza de que será retomada ou concluída. Até hoje existem processos tramitando na Justiça estadual e federal que contestam desde a licitação lançada em 2012, principalmente após virem à tona denúncias de fraudes e corrupção feitas pelo ex-governador Silval Barbosa. Também são contestados os valores que o grupo de empresas do Consórcio VLT reivindica do Governo do Estado para concluir a obra.
O VLT deveria ter sido concluído antes de junho de 2014 para atender a demanda de turistas e moradores durante os jogos da Copa do Mundo, realizados na Arena Pantanal, em Cuiabá.
Obra sem dono
O PORTAL AGORA MATO GROSSO constatou que a Estação Aeroporto do VLT virou uma espécie de “filho sem pai”. O motivo é ela que integra uma obra maior que não foi concluída e nem entregue ao Governo do Estado. Dessa forma, o Governo do Estado não tem responsabilidade sobre a estrutura.
Por outro lado, o Consórcio VLT, responsável pela execução da obra, entende que a limpeza e manutenção das estruturas em locais públicos são de responsabilidade do poder público.
Prefeitura de Várzea Grande
Por parte da Prefeitura de Várzea Grande não há uma limpeza constante e nem são adotadas medidas para impedir a ocupação do espaço por moradores de rua e usuários de drogas. A limpeza é feita de forma esporádica, geralmente quando algum veículo de comunicação denuncia o descaso e mostra o depósito de lixo no local, a exemplo do que aconteceu.
A reportagem do AGORA MATO GROSSO procurou nesta segunda-feira (4), a Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Mobilidade Urbana de Várzea Grande, inclusive, encaminhando fotos do local tomado pelo lixo. Na manhã desta terça-feira (5), a Pasta enviou equipes e caminhões para recolher o lixo do espaço.
O subsecretário Virdinei da Silva Bens disse que a limpeza do local é “feita toda semana”. No entanto, não citou qualquer ação que possa ser adotada para impedir a ocupação do espaço por usuários de drogas e moradores de rua e novo acúmulo de lixo.
Consórcio VLT
Procurado, o grupo de empresas ressaltou que por ora não tem obrigação de conservação e limpeza do local uma vez que o contrato está suspenso pela Justiça.
Confira a íntegra da nota
O Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande observa que seguem suspensas as obrigações de manutenção, conservação e limpeza de estruturas ligadas ao projeto de implantação do VLT, efeito direto da suspensão do contrato por decisão do governo do Estado. O Consórcio também registra que está, como sempre esteve, à disposição do Estado para viabilizar a retomada e conclusão do implantação do modal, para uso da população.