O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Estado de Mato Grosso (STIU-MT), Dillon Caporossi, fez graves acusações na primeira oitiva realizada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Energisa-MT, na última terça-feira (26), na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT). O sindicalista acusou a empresa de diminuir o quadro de funcionários, aumentar o número de clientes e também de colocar a vida dos seus colaboradores e da população mato-grossense em risco.
Durante a oitiva, Caporossi apresentou aos membros da Comissão Parlamentar, que tem como objetivo investigar denúncias de abusos nas contas de energia elétrica, enxugamento nos quadros de funcionários e a má prestação dos serviços oferecidos pela concessionária de energia elétrica de MT, Energisa S/A, dados, através de imagens e documentos, que demonstram uma situação, no mínimo, preocupante para a população de Mato Grosso.
Conforme consta nos balanços patrimoniais da Empresa Energisa entre os anos de 2014 e 2018, o número de trabalhadores próprios e terceirizados diminuiu de 3.800 para 3.218, ou seja 582 trabalhadores a menos. Nesse mesmo período, a rede de distribuição de energia elétrica em Mato Grosso cresceu de 114.616 Km para 184.847 km, esse crescimento representa 70.231 km de rede de distribuição a mais. O número de clientes aumentou de 1.269.581 para 1.403.565, um acréscimo de 133.984 consumidores. O número de trabalhadores suficientes para atender os quadros da empresa seria de 6.129 funcionários. Não foram divulgados dados referentes a contratações pela empresa, no ano de 2019.
A redução na Força de Trabalho provocou a retirada de equipes de eletricistas, deixando dezenas de municípios sem atendimento emergencial. O sindicalista ressaltou que as demissões e o aumento de clientes, precariza a prestação de serviços, e isso tem consequências graves, resultado até em mortes.
Ele citou três acidentes que resultaram em duas mortes e o terceiro com ferimentos graves. Para o presidente do sindicato a falta de experiência (o trabalhador ferido atuava na empresa somente há seis meses) a redução da força de trabalho e a falta de manutenção preventiva nas linhas pode ter contribuído para um dos acidentes.
Dillon Caporossi nos apresentou denúncias alarmantes e graves que, com certeza, contribuirão muito com as investigações contra essa empresa que não respeita a população de Mato Grosso e, diante desses fatos, também fica evidente o descaso que a Energisa tem pela vida dos seus funcionários”, disse o presidente da CPI, Elizeu Nascimento.
Durante as oitivas também estão sendo coletados dados que vão subsidiar a elaboração do relatório final da CPI, instalada desde o dia 8 de outubro. A comissão terá 180 dias para apurar os indícios de irregularidades envolvendo a empresa.