A advogada Mariana Migliorini, que cuida das negociações do goleiro Bruno Fernandes, deixou claro que o jogador, condenado por homicídio triplamente qualificado, está decepcionado com torcedores de Mato Grosso. Isso porque o Clube Operário Várzea-Grandense, desistiu de contratar o jogador após pressão popular e perda de patrocinadores que exigiram a retirada de suas marcas do time que disputa a série D do Campeonato Brasileiro este ano.
“Ele está sem comer e sem dormir. Os empresários de Várzea Grande não querem ter o nome do Bruno vinculado a eles por conta da repercussão social. Querem ele morto, isso não é pena, não é algo civilizatório. O Bruno já cumpriu a pena. Deus perdoa, a sociedade não”, disse a advogada em entrevista ao site Torcedores.com.
Em entrevista à uma rádio de Cuiabá, na manhã desta quinta-feira (23), a presidente do Conselho das Mulheres em Mato Grosso, a procuradora do Estado Glaucia Amaral afirmou que viu como uma “vitória” a decisão do Operário em desistir de contratar o goleiro.
“Vejo a decisão do clube como respeito não só às mulheres, mas a toda a sociedade. Eu achei extremamente positiva a decisão. Era o que a gente esperava. Eu acho que realmente os dirigentes do Operário ouviram os anseios não só das mulheres, mas de parte da torcida e de toda a população”, disse.
Glaucia esclareceu que as manifestações contrárias à contratação do goleiro não foram um veto à ressocialização de pessoas condenadas. “Não se trata de uma discussão sobre ressocialização porque a ressocialização é necessária. Mas nos preocupou muito a mensagem que passaria no sentindo de que é possível matar uma mulher e continuar a vida como se nada tivesse acontecido”, finalizou.
Filme queimado
Conforme noticiou o PORTAL AGORA MATO GROSSO, nesta quarta-feira (22), a diretoria do clube de Várzea Grande (MT) divulgou dois comunicados à imprensa. Primeiro disse que estava “revendo a possível contratação do goleiro Bruno Fernandes”. Depois, encaminhou outra nota confirmando que não contratará o atleta.
Ambos os comunicados foram divulgados em menos de 24 horas após o protesto realizado na frente Estádio Dito Souza, no bairro Cristo Rei, em Várzea Grande, na noite desta terça-feira (21). À ocasião, os participantes protestaram contra o Operário e deixaram claro que não aprovam a contratação do goleiro feminicida, condenado a 20 anos de prisão pela morte e ocultação do cadáver da modelo Eliza Samúdio, em 2010, em Minas Gerais.
A decisão do Clube Operário foi tomada após uma série de críticas que passou a receber de moradores de Várzea Grande e outras cidades mato-grossenses, de entidades ligadas a causas em defesa das mulheres e até de políticos, a exemplo da deputada estadual Janaina Riva (MDB) que usou suas redes sociais para repudiar a contratação.
Patrocinadores reagem
Após a confirmação de que o goleiro Bruno viria morar em Várzea Grande para jogar profissionalmente no Operário, o Sistema de Crédito Cooperativo Sicredi e a rede de lojas Eletromóveis, ambos patrocinadores do Campeonato Mato-grossense proibiram a veiculação de suas marcas no uniforme do Operário.