A repercussão negativa em torno da contratação, seguida da desistência do goleiro Bruno Fernandes, por parte do Clube Esportivo Operário Várzea-Grandense, parece ter chegado ao fim. Pelo menos é o que espera o presidente do time, Eder Taques, que quebrou o silêncio e falou com exclusividade ao PORTAL AGORA MATO GROSSO. Ele admitiu que a decisão de recuar na contratação do atleta foi tomada em comum acordo entre a equipe diante da ampla divulgação, de forma pejorativa, no noticiário local e nacional, gerada pela contratação de Bruno.
Conforme Eder Taques, a pressão sofrida pelo clube que disputa a série D do Campeonato Brasileiro neste ano, foi sentida de todos os lados. Principalmente pelos patrocinadores que ameaçaram, em massa, romper os contratos caso a contratação do atleta condenado por mandar matar a namorada, esquartejar e sumir com o corpo, fosse efetuada.
O cenário de ameaças e descontentamento por parte da sociedade mato-grossense e manifestantes, desde grupos de ativismo em defesa das mulheres até políticos, gerou muita repercussão desfavorável ao clube.
Durante a entrevista, o presidente do Operário se mostrou receoso em falar sobre o caso e deixou claro que o goleiro é considerado por ele e por toda a equipe, um jogador qualquer. Afirmou que sua vinda para o clube de Várzea Grande seria apenas para somar enquanto profissional e não para trazer status.
Ele também afirma ser falsa a informação que circulou por alguns veículos de comunicação, de que o Operário iria fretar um avião particular para trazer Bruno de Minas Gerais para Mato Grosso.
“O Operário não precisa de repercussão nem de status nacional. Precisamos é de bons jogadores. A contratação do Bruno não chegou a ser assinada e nem teríamos certeza que seria concretizada. Isso porque o Bruno viria para o nosso time devido a uma parceria que o clube tem com o time do Boa Esportes, clube que assinou contrato com ele há alguns meses. E que também devido a rompimento de patrocinadores teve que romper com o jogador”, revelou Taques.
O presidente do Operário explica ainda que Bruno sequer foi submetido a testes em campo para o time. Garante que tudo seria definido após a vinda do atleta para Várzea Grande, o que nem aconteceu devido a questões judiciais.
Sobre a postura dos patrocinadores, de proibir a veiculação de suas marcas no uniforme do Operário, Eder revela que não foram somente a Cooperativa Sicredi e a Rede de eletrodomésticos Martinello que anunciaram cancelamento de contratos. Revelou que foram praticamente todos os patrocinadores. Ressalta, no entanto, que tal cenário já se reverteu, quase que por completo. Ou seja, aos poucos, os patrocinadores estão procurando o clube para restabelecer os contratos.
Em relação aos valores de salários que seriam pagos a Bruno, o dirigente esportivo não quis revelar. Diante do desfecho, Eder garante não ter motivos para lamentação. “A contratação não foi viável para nós, por isso optamos por não fazê-la. Assim como aconteceu em outros clubes, a pressão vem do lado que mais pesa, do financeiro. Sem patrocínio, o time não tem condições de manter qualquer jogador que seja, menos ainda de contratar novos”, desabafou.
Por fim, Eder garantiu que o clube está completo, Bruno não serviria para cobrir nenhuma falta. Por isso com a desistência da contratação, não deverão surgir novos contratos no momento.
Protestos
Assim que a notícia da contratação de Bruno se espalhou pelas redes sociais e nos veículos de comunicação de Mato Grosso, as reações contrárias e algumas favoráveis ganharam uma enorme repercussão. Cerca de 50 pessoas entre mulheres e homens fizeram uma manifestação na frente do Estádio Dito Souza, no bairro Cristo Rei, quando o Operário estava em campo, para repudiar a decisão do Clube de contratar o goleiro. A manifestação, intitulada “Chega de Violência Contra Mulher. Bruno(s), Não”, foi organizada pelo “Bloco das Mulheres”.
Bruno Fernandes, hoje com 35 anos, foi condenado a 20 anos de prisão pelo assassinato e ocultação de cadáver da modelo Eliza Samúdio, em 2010, em Minas Gerais. Os restos mortais da vítima nunca foram encontrados.