Será lançada nesta quinta-feira (29) uma campanha de mobilização nacional para prevenir casos de violência contra as mulheres em contextos eleitorais. A #ViolênciaNão – Pelos Direitos Políticos das Mulheres é uma parceria da ONU Mulheres Brasil com a União Europeia.
A campanha aborda a violência política como barreira que impede mulheres de terem acesso a direitos humanos. “Eliminar todas as formas de violência contra as mulheres nas esferas pública e privada contribui diretamente para garantir a participação plena e efetiva em todos os níveis de tomada de decisão e realização dos direitos humanos das mulheres”, afirma a representante da ONU Mulheres Brasil, Anastasia Divinskaya.
“É importante que as pessoas conheçam e reconheçam a violência política, entendam como ela se manifesta e afeta mulheres em sua diversidade e apoiem as vítimas”, complementa Divinskaya.
O evento de lançamento acontece às 9h no o canal da ONU Mulheres Brasil no YouTube. A campanha vai até março de 2021, com a divulgação de vídeos, cards, áudios informativos, gifs, filtros para o Instagram e figurinhas para aplicativos de conversa. O objetivo é sensibilizar e conscientizar sobrea violência política contra mulheres no debate público. Será lançada também uma cartilha sobre violência política, formas de prevenção e resposta.
Um ato de violência a cada 4 dias
De acordo com o estudo “Violência Política e Eleitoral no Brasil”, o país registrou, em média, considerando vítimas masculinas e femininas, um ato de violência política a cada quatro dias. O levantamento foi realizado pelas ONGs (Organizações Não Governamentais) Terra de Direitos e Justiça Global.
Apenas em 2020, já foram 27 registros, sendo 13 de assassinatos e 14 atentados.
As mulheres são as principais vítimas de ofensas. Das 59 analisadas, 35 delas ocorreram em 2019 e 76% das vítimas foram mulheres. Segundo a pesquisa, 22 casos são por racismo e 22 por misoginia, sendo o principal alvo mulheres políticas negras. Em relação a ameaças, mulheres representam 31% das vítimas.
Entre os casos de violência política contra mulheres analisados pela pesquisa, está o da vereadora Fabrizia Tinoco. Ela foi arrastada pelo cabelo pelo vereador e ex-secretário de Bela Vista, no Mato Grosso do Sul, ao tentar inspecionar uma obra parada do governo. Após o episódio, ela conseguiu na justiça uma medida protetiva contra ele.