O médico pediatra aposentado e agora escritor Luiz Carlos Aranha Prietch, ou simplesmente Dr. Priti, como ficou conhecido em outras épocas na cidade, é hoje em dia um cidadão anônimo que aproveita dos frutos de uma vida toda de trabalho e o seu merecido descanso. Mas em outras épocas, ele foi figura de destaque na sociedade rondonopolitana, tendo sido secretário de Saúde, sendo o responsável pela implantação da política de agentes comunitárias de saúde e da elaboração da então chamada “Constituinte” de Rondonópolis, como ficou conhecida inicialmente a Lei Orgânica municipal, entre outras ações relevantes.
Hoje com 76 anos, Prietch conta que chegou na cidade no ano de 1973, recém-formado, e inicialmente montou uma clínica pediátrica com os amigos Ariel e Mário Perrone, também pediatras, na qual permaneceu trabalhando por vários anos, até que em 1983, com a vitória e posse de Carlos Bezerra para a prefeitura, ele foi convidado para ser secretário municipal de Saúde, tendo iniciado um trabalho de educação em saúde, quando de vez se encantou pela saúde pública, dedicando os próximos anos a implantar programas pioneiros no país, como as agentes comunitárias de saúde, inspiradas no modelo cubano de saúde da família, entre outros.
Foi dessa época também a implantação dos primeiros Programas Saúde da Família (PSF) e de outras políticas públicas da área da saúde que perduram até os dias de hoje. Por conta desse sucesso como secretário, ele acabou eleito vereador, quando então presidiu a então chamada “Constituinte Municipal”, que elaborou a Lei Orgânica, que é o equivalente municipal da Constituição Federal.
Foi ele também que primeiro falou na possiblidade da construção do Hospital Regional de Rondonópolis, no período em que foi presidente do Polo Regional de Saúde, quando o já governador Carlos Bezerra gostou da ideia e começou a articular recursos para que a unidade de saúde que atende a todos os municípios da região pudesse ser viabilizado, o que só aconteceria no governo seguinte, do já falecido Dante de Oliveira. “Nós tínhamos uma porção de hospitais improvisados em casas, como o São Marcos, o Samaritano. Alguns até eram construídos para serem hospitais, mas sem aquela modernidade ou especialização que precisávamos”, contou.
Como esses pequenos hospitais, todos particulares, foram falindo e desaparecendo ao longo do tempo, isso acabou sobrecarregando o sistema público de saúde, dificultando o atendimento de todo esse contingente de pessoas doentes, muitas carentes de consultas e pequenas intervenções cirúrgicas. Foi a partir daí que ele pensou na criação de uma estrutura que desviasse parte dessa demanda e evitasse a superlotação dos hospitais existentes, de onde surgiu a Policlínica da Vila Itamaraty, que existe até hoje.
Mas apesar da importância dos trabalhos na área da saúde, Prietch não conseguiu êxito nas urnas, não se reelegendo como vereador, e como foi aos poucos se decepcionando com a política, ele acabou se afastando da vida pública e voltou para o seu trabalho de médico. “Infelizmente, os políticos usam muito os idealistas, e eu era muito idealista. Levei cada coisa na cabeça. Eu senti que estava sendo usado e aí eu falei: sabe de uma coisa, retornei para a minha pediatria”, conta, entre risos.
Aposentado desde 2014, ele conta que hoje cuida de algumas casas que adquiriu graças ao trabalho como médico e já está anos afastado da vida política, se dedicando a escrever seu segundo livro, que diz estar em fase de revisão e que deve ser publicado em breve.
Sobre Rondonópolis, cidade que hoje completa 67 anos e onde escolheu viver e construir sua história, Luiz Carlos Prietch é enfático em afirmar que sempre gostou daqui e que nunca pensou em viver noutro lugar. “Eu gosto daqui por uma razão: eu sou agradecido, porque aqui eu formei a minha família, profissionalmente foi aqui que eu me fixei. Só por essas duas coisas, por agradecimento, eu tenho que gostar de Rondonópolis, e gosto. Eu acho que é uma cidade promissora, que tende a crescer num ritmo bom, tem um potencial econômico bom. As pessoas falam que falta lazer, mas isso é relativo. Eu quando amanhece vou para o Cais, vejo os passarinhos, aquele verde todo, o rio. Tem lazer sim. Foi aqui que fiz meus amigos e aqui que eu quero ficar”, concluiu.