Sumido das manchetes e atualmente morando em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, o ex-governador Silval Barbosa reapareceu nessa sexta-feira (15) para criticar um engenheiro que assina o parecer técnico que embasou a decisão do governador Mauro Mendes (DEM) de substituir o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) pelo Bus Rapid Transit (BRT), ou Transporte Rápido por Ônibus, no transporte intermunicipal entre Cuiabá e Várzea Grande.
Silval deu entrevista para o radialista Lino Rossi, da Rádio Conti, e questionou a mudança de lado do engenheiro Rafael Detoni, da Secretaria de Infraestrutura e Logística (Sinfra), que foi um dos autores do estudo técnico que embasou a tomada de decisão do governador de trocar o modal de transporte. “O que me estranha é que… todo governo toma decisões, sim, pautado em dados técnicos… o que me estranha e estou tentando explicar para a população é que o Rafael Detoni, que para mim é um grande profissional da área, um grande técnico, enquanto serviu ao meu governo na Secopa era um grande técnico, e todas as decisões que eu tomei foram baseadas em estudos que ele participou”, disse Mauro Mendes.
Responsável pela escolha do modal VLT e por ter começado a obra, que está paralisada devido à inúmeras irregularidades desde 2014, Silva disse ter estranhado as declarações de Detoni, que agora defende a troca do modal para o BRT, foi quem assinou, juntamente com o ex-Sinfra, Marcelo de Oliveira, o Marcelo Padeiro, os pareceres que basearam a sua escolha à época.
“Inclusive todos os pareceres lá no Ministério das Cidades, para viabilidade do VLT, foi ele e o Marcelo Padeiro que assinaram. Então, é em cima desses dados, desses profissionais técnicos que eu tomei a decisão da implantação e a busca do financiamento para a implantação do VLT”, completou o ex-governador.
Ele diz ainda que foi nessa obra que o engenheiro adquiriu o “know how”, ou conhecimento, que o levou a ir assessorar a implantação do VLT da cidade do Rio de Janeiro. “Agora eu estou estranhando, porque na época eles me deram dados que a viabilidade do VLT era muito grande. Não era essa tarifa que eles apresentam hoje. Eram outros dados que me apresentavam”, disparou.
“Agora ele está assessorando para a mudança de modal. Eu estranho muito isso”, concluiu Silval, que ainda disse que não discutiria a decisão do atual governador.
As obras do VLT faziam parte do pacote de obras preparatórias para a Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, mas várias denúncias de irregularidades levaram à paralisação das obras, e posteriormente levaram o ex-governador à prisão por corrupção.
Outro lado
Ouvido pela imprensa da capital, o engenheiro Rafael Detoni informou que é funcionário concursado da Secretaria de Mobilidade Urbana de Cuiabá e que colaborou com a elaboração de estudos técnicos para a implantação do VLT, mas nada teve a ver com a escolha do modal tendo agido apenas para a pedido do então governador e do presidente da extinta Secopa (Secretaria Extraordinária da Copa), Eder Moraes, também preso por corrupção.
“Eu não fiz o estudo, apenas tive contato porque (Eder) Moraes queria que eu fizesse o projeto de adaptação do BRT para VLT. A parte técnica. E foi essa a minha participação no projeto. O governador e o secretário determinaram que devia ser feito”, contou Detoni.