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‘DESTROEM TUDO’

Quênia luta contra milhões de gafanhotos que devoram plantações

Nuvem de insetos atinge países da África Oriental desde 2019 e aumentou nos últimos meses com um intenso período de chuvas

Por R7
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O Quênia sofre com uma gigantesca população de gafanhotos que está devorando suas lavouras desde 2019. A destruição de fazendas produtoras de alimentos pelos insetos atinge também países vizinhos como a Etiópia e a Somália.

Milhões e até bilhões de gafanhotos percorrem cerca de 150 quilômetro por dia se alimentando de tudo o que encontram pela frente, principalmente plantações de milho e trigo. Na aldeia de Meru, a fazenda de Jane Gatumwa, onde ela cultiva milho e feijão em quase cinco hectares, está cheia de famintos gafanhotos.

“Eles estão aqui há uns cinco dias, destroem tudo. Essas plantações nos ajudam a pagar as despesas da escola (das crianças) e também a nos alimentar”, lamenta: “Agora que não sobrou nada, vamos ter um grande problema.”

Imagem: quenia Quênia luta contra milhões de gafanhotos que devoram plantações
Gafanhotos do deserto que se alimentam de colheitas no condado de Kitui, no Quênia – FAO/Sven Torfinn

Cada gafanhoto come em material vegetal o equivalente ao próprio peso. Além disso, um período de chuva que contou com um volume de água acima da média favoreceu a reprodução e aumentou muito a população desses insetos.

“Alguns países como o Quênia não viam nada parecido há 70 anos e inicialmente reagiram sem coordenação e com falta de pesticidas e aviões para pulverizá-los”, explica Cyril Ferrand, especialista da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) com sede em Nairóbi.

Segundo Cyril Ferrand, a invasão de gafanhotos afetou a dieta alimentar de cerca de 2,5 milhões de pessoas em 2020 e deve afetar 3,5 milhões em 2021, em toda a região.
No Quênia, a FAO fez parceria com uma empresa especializada na gestão de reservas protegidas, que usa um software para localizar as nuvens de gafanhotos. Uma linha direta também foi criada para receber ligações dos chefes das aldeias ou de 3 mil pessoas treinadas na área.

No Quênia, as operações se concentraram em uma “primeira linha de defesa” em áreas de fronteira remotas e às vezes hostis com a Etiópia e a Somália, para desmantelar enxames maciços antes que cheguem às fazendas quenianas. Porém, é impossível realizar tais operações no centro e no sul da Somália devido à presença dos radicais islâmicos Al Shabab.

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