O Senado deve votar amanhã (14) o projeto que cria um programa de auxílio emergencial ao setor de bares, restaurantes e lanchonetes no país. A proposta prevê a suspensão temporária de impostos federais, descontos e condições especiais para renegociação de dívidas com o Governo e também repasses em dinheiro. Em Rondonópolis a medida foi bem recebida entre os empresários do setor, mas é vista com ceticismo entre os trabalhadores.
“Na verdade o que queremos mesmo é voltar a trabalhar e não ficar dependendo do Governo. Mas já é uma ajuda, com certeza”, disse a presidente da Associação Rondonopolitana de Bares e Restaurantes (ARBR), Neumara Resmini.
A empresária destaca como pontos positivos do projeto a possibilidade de suspensão da cobrança de impostos federais até o fim do ano, a possibilidade de renegociar as dívidas em até 145 parcelas e também a previsão de desconto de até 15% sobre a taxa cobrada pelos aplicativos de entrega – que ela define como ‘revoltante’.
Por outro lado a avaliação é que devido a crise a maioria dos bares e restaurante já não têm estoques que poderiam ser utilizados no programa de doações. Os valores propostos como auxílio (3 parcelas de R$ 2 mil) também são considerados insuficientes para equilibrar as contas.
“A ajuda de custo sempre é bem-vinda, mas para uma empresa de porte maior, com mais funcionários e dívidas, isso não fará muita diferença. É melhor que nada”, ponderou.
“Acho mais importante essa proposta de renegociação, pois permitirá que a maioria regularize a situação e tenha acesso a novos financiamentos”, destacou Neumara Resmini.
TRABALHADORES
Para Neth Moura, presidente do Sindicato dos Empregados em Bares, Restaurantes e similares na região sul de Mato Grosso (Sindebares/Sul), a proposta é louvável, mas não resolve os problemas da categoria. Ela chama a atenção para o número alto de demissões e considera que as autoridades precisam olhar o setor com mais cuidado.
“Nossa categoria é a que mais sofreu dentre outros segmentos. Os empresários estão em desespero por não conseguir pagar os funcionários, que também estão numa situação muito difícil. Imagina um trabalhador chegar em casa e dizer a esposa e filhos que não recebeu”, diz ela.
A sindicalista destaca que boa parte das empresas do setor está na informalidade ou tem dívidas que poderiam torná-las inaptas aos benefícios previstos. “Muitos dos que têm registro têm restrições de crédito, dívidas de impostos, alvarás e dificuldades para conseguir avalistas. Isso tem impedido o acesso aos programas já lançados e parece que também há esse problema no projeto”.
Ela também critica os valores propostos por terem pouco efeito no custeio da folha de pagamento. “Se este auxílio fosse para o trabalhador seria melhor”, afirma.
Neth Moura acredita que a solução mais rápida seria reduzir as restrições relacionadas ao horário de atendimento, principalmente no período noturno.
“Tudo o que precisamos é a flexibilização do horário, autorizando o funcionamento pelo menos até as 22 horas. Com isso as empresas podem continuar funcionando e pagar os funcionários”, concluiu.