Pacientes agonizando ao lado de equipamentos modernos que poderiam aliviar a dificuldade de respiração causada pela Covid-19. Este é o cenário dentro do Hospital Regional Irmã Elza Geovanella, que está localizado em Rondonópolis e serve como referência para 19 municípios da região sudeste de Mato Grosso.
A situação poderia ser diferente se os 20 novos leitos de UTI já estivessem funcionando, mas segundo o secretário Estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo, não há previsão da data em que isso ocorrerá.
A situação foi confirmada por relatos e fotos encaminhadas ao portal AGORA MT por pessoas que estiveram no hospital. O quadro também é exposto em vídeos que desde ontem circulam em grupos de WhatsApp e outras redes sociais.
“Estava tudo pronto para funcionar. Os médicos de plantão, as equipes de enfermagem e de fisioterapia estavam aqui. Mas veio uma ordem dizendo que os leitos não seriam abertos e os profissionais foram dispensados”, disse uma enfermeira.
Outros funcionários do Hospital Regional fizeram declarações semelhantes, sem esconder a frustração por não poder oferecer um atendimento melhor aos pacientes.
“Estamos dando o nosso máximo e é muito triste ver pessoas passando por um sofrimento que poderia ser evitado”, afirma outro profissional.
SITUAÇÃO ATUAL
Rondonópolis tem hoje 40 leitos de UTI e todos estão ocupados. São 20 na Santa Casa, 10 no Hospital Municipal Antonio Muniz e outros 10 no próprio Hospital Regional.
Conforme informações da Secretaria Municipal de Saúde, 17 pacientes em estado grave estão na fila aguardando internação em leitos de UTI.
AUTORIDADES
Na sexta-feira (9) o secretário municipal de Saúde, Vinicius Amoroso, acompanhado de outros servidores e também dos vereadores Reginaldo Santos e Marildes Ferreira chegaram a ocupar a ala das novas UTIs para cobrar a abertura dos leitos. Eles foram retirados do local, mas mantiveram uma vigília que prosseguiu até hoje do lado de fora.
Os vereadores estão se revezando e prometem permanecer na frente do hospital até que os novos leitos entrem em funcionamento.
“O que está acontecendo aqui é um absurdo. Mantém os leitos parados, impedem a entrada de autoridades e não dão informações. Queremos uma resposta”, disse o vereador Paulo Schuh (DC).
Pela manhã, o deputado estadual Claudinei Lopes (PSL) também esteve no local e não conseguiu entrar. Foi barrado na portaria e, por telefone, cobrou explicações da direção do hospital e da Secretaria Estadual de Saúde.
Ainda neste sábado, um representante da empresa que venceu a licitação para operar os novos leitos chegou ao hospital para uma reunião com a diretoria. A imprensa e as autoridades não tiveram autorização para acompanhar o encontro.
Extraoficialmente, a informação é de que a empresa iria protocolar um novo documento, confirmando o cumprimento das normas do edital – inclusive a contratação dos médicos e demais profissionais que atuarão nos novos leitos.
RESPOSTA DO ESTADO
Sobre a situação, o governo de Mato Grosso se manifestou por meio de uma nota emitida à imprensa.
Leia na íntegra:
A Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT) esclarece que é mentirosa a informação de que o Hospital Regional de Rondonópolis inauguraria leitos na data de hoje [na sexta-feira]:
– A estrutura para a abertura dos 20 leitos está pronta, contudo, a empresa que venceu o processo licitatório para administrar os leitos não atendeu aos requisitos técnicos previstos em edital de licitação.
– Também é mentirosa a informação de que o Hospital Regional necessita da doação de equipamentos para o funcionamento dos leitos de UTI. Os leitos estão completamente equipados, mas falta a apresentação de equipe por parte da empresa contratada, *conforme as regras do edital*.
– Assim que a empresa cumprir com todas as exigências técnicas, os leitos serão imediatamente colocados em funcionamento para a população.
– É lamentável que, em meio à pandemia, o Governo do Estado tenha que gastar tempo para desmentir fake news.