A Embaixada do Brasil na Índia alertou o Governo Federal sobre as disparidades no preço da vacina Covaxin um mês antes do acordo fechado com a empresa Precisa Medicamentos, que intermediou o negócio. Conforme reportagem divulgada hoje (24) pelos jornalistas Hanrrikson de Andrade e Luciana Amaral, do UOL, em ofício enviado no dia 15 de janeiro os diplomatas informaram que o valores negociados pela Índia com países europeus era muito menor que o cobrado pelas 20 milhões de doses em aquisição pelo Brasil.
O investimento é de R$ 1,6 bilhão e tem chamado a atenção também pelo envolvimento direto de autoridades do Governo para viabilizar o negócio. O acordo com a Precisa é investigado pelo MPF (Ministério Público Federal), que identificou indícios de crime no contrato e suspeita de superfaturamento, corrupção, entre outras possíveis irregularidades. A CPI da Covid, no Senado Federal, também apura o caso.
Durante as conversas com a empresa, a diplomacia brasileira na Índia comunicou ao Ministério das Relações Exteriores que o custo da Covaxin estava em discussão no país da Ásia meridional. O governo do primeiro-ministro Narendra Modi era criticado por ter pago US$ 4,10 por dose —valor superior ao praticado na Europa em acordos por outro imunizante, o da AstraZeneca/Oxford.
Mesmo com esse alerta o Ministério da Saúde do Brasil aceitou pagar US$ 15 por dose (R$ 80,70, na cotação da época) no acordo com a Covaxin, e fechou a aquisição de 20 milhões de doses junto à Precisa Medicamentos, ao custo final de R$ 1,6 bilhão. O negócio foi fechado em fevereiro.
Trata-se da vacina mais cara entre as que foram compradas pelo governo Bolsonaro até o momento. Esse preço por dose estabelecido no acordo com o Brasil representa aproximadamente 1.000% a mais do que o valor que havia sido estipulado pela fabricante seis meses antes (US$ 1,34).
Em nota, a defesa do laboratório Barat Biotech alegou que a precificação segue uma tabela prefixada para o mercado internacional. O Ministério da Saúde ainda não se pronunciou sobre o caso.