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Gás de cozinha tem forte alta e complica orçamento de famílias

Com o desemprego batendo à porta, o custo do gás virou um problema social, a ponto de merecer políticas públicas emergenciais dos governos do Ceará e do Maranhão

Da Redação com Economia ao Minuto
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Essencial nas residências, o gás de cozinha pesou ainda mais no bolso das famílias pobres neste período de pandemia. Desde maio do ano passado, o preço do botijão subiu cinco vezes mais do que a inflação. Com o desemprego batendo à porta, o custo do gás virou um problema social, a ponto de merecer políticas públicas emergenciais dos governos do Ceará e do Maranhão.

O preço do botijão disparou no segundo semestre do ano passado. O pior momento, no entanto, foi neste ano. Segundo o IPC-S, indicador de inflação do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), utilizado em reajustes salariais e de aluguel, o preço subiu 11,45% de janeiro a abril e 17,25% nos 12 meses iniciado em maio de 2020, enquanto a inflação foi de 3,5%.

“O GLP é o principal energético usado no preparo de alimentos por famílias de baixa renda. É o gás que entra em comunidades do Brasil todo. Algo que sobe mais que a média do salário exige muito esforço das famílias. Num nível de desemprego elevado como o atual, é ainda mais sentido. Ficar sem gás é ficar sem comida”, afirmou André Braz, coordenador adjunto do Índice de Preço ao Consumidor do Ibre/FGV.

O economista acredita que o encarecimento do produto vai aparecer na próxima Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE. A última, realizada em 2018, registrou que a média dos brasileiros gasta 1% do orçamento com o gás de cozinha. O aluguel pesa 3,6%, e o gás natural, 0,12%.

Na casa de André Lima e Silva, em Fortaleza, as refeições passaram a ser preparadas na vizinhança. “Até receber o vale do governo, a gente ficou três dias sem gás. Até o mingau da neném a gente pedia para a vizinha fazer”, conta o padeiro, desempregado desde o início do ano passado. Ele e a mulher passaram a sustentar os cinco filhos com a venda de salgadinhos. Por causa do preço do gás, até o ‘bico’ ficou inviável.

A alta do produto prejudica também os negócios de Marcos Magalhães, responsável por um buffet carioca. “O gás aumenta, a gente tem que repassar o valor para os clientes, só que não pode repassar na íntegra, porque, infelizmente, os clientes não têm aumento. Ninguém está tendo aumento no País. É complicado”, disse.

Em evento, no mês passado, Bolsonaro afirmou que conversaria sobre o tema com o novo presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna. “Estamos trabalhando com o novo presidente da Petrobras em como diminuir o preço do botijão na origem. Hoje está em R$ 42, dá para diminuir”, afirmou o presidente, em discurso no Mato Grosso do Sul, no último dia 14. Ele não informou, porém, com quem está discutindo e a posição do presidente da Petrobras.

Desde que assumiu o cargo, em 19 de abril, Silva e Luna não mexeu no preço do gás liquefeito de petróleo (GLP). O botijão de 13 kg é a versão residencial do produto. O reajuste mais recente, o quarto no ano, ocorreu no dia 2 de abril, ainda na administração do antecessor, Roberto Castello Branco.

Questionada, a Petrobras, por meio de sua assessoria de imprensa, respondeu que não há previsão de reajustes de preços de GLP com frequência mínima mensal: “Reiteramos que os reajustes são realizados a qualquer tempo, sem periodicidade definida, de acordo com as condições de mercado e de análise do ambiente externo. Isso possibilita à companhia competir de maneira mais eficiente e flexível e evita o repasse imediato, para os preços internos, da volatilidade externa causada por questões conjunturais”.

Ainda assim, o preço final do GLP permanece no patamar mais elevado da série histórica divulgada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Em março, último dado divulgado pela reguladora, o produto custava R$ 83,17, na média do País. Como a Petrobras reajustou mais uma vez em abril, é possível que a estatística mais recente ainda revele novo recorde.

Professor do Instituto de Economia da UFRJ, Adilson de Oliveira avalia que a solução passa pela estabilização do preço, o que pode ser conseguido com a criação de um fundo, como estuda o governo. Ele lembra que, no governo de FHC, foi adotado o ‘Auxílio Gás’ e, no de Luiz Inácio Lula da Silva, o benefício foi incorporado ao Bolsa Família. “O governo federal fala, mas ainda não colocou na mesa a sua proposta. É preciso saber onde quer chegar”, disse.

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