“Aqui em Rondonópolis há casos de contágio por Covid-19 na maioria das 35 unidades. É assustador imaginar que os trabalhadores vão para a escola fazer atendimentos nestas condições”. Assim o presidente da subsede do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público (Sintep), João Eudes da Anunciação, descreveu a situação das escolas estaduais no município. Ele próprio foi contaminado e está em isolamento total, se tratando da doença.
João Eudes começou a sentir os sintomas da Covid-19 no início da semana. O resultado do exame confirmando a contaminação saiu na quinta-feira (03).
Ele está com 35% do pulmão comprometido e se trata em casa. Está tomando antibióticos e monitorando a evolução do quadro através de medições frequentes da saturação e da pressão sanguínea.
“Sinto muito cansaço. A doença dificulta a respiração e também limita a movimentação e até a fala. Mas aparentemente está sob controle”, disse em entrevista exclusiva ao portal Agora MT
O sindicalista diz que tomava todos os cuidados, em especial o uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento. Ele suspeita que foi contaminado durante as visitas feitas na semana passada para checar as condições das escolas e convocar a categoria para os atos programados pelo Sintep-MT.
“Não dá para ter certeza do momento em que houve o contágio. Mas isso é o mais provável, pois é difícil encontrar alguma escola que não tenha alguém contaminado”, diz João Eudes.
AUMENTO DE CASOS
Nesta semana o portal Agora MT mostrou a preocupação dos gestores da escola estadual Daniel Martins de Moura, que enfrenta um surto de Covid-19. A escola confirmou cinco contágios nos últimos dias, mas segundo João Eudes não se trata de um caso isolado.
O Sintep está concluindo um levantamento para apurar os números exatos, mas já confirmou a ocorrência de casos de Covid-19 em unidades localizadas em pontos diferentes da cidade – entre elas as escolas Elizabeth Freitas Magalhães, no Jardim Atlântico; Amélia de Oliveira Silva, no Parque Universitário; e na José Salmen Hanze, na Vila Salmen.
João Eudes considera o quadro crítico e afirma que as notícias sobre contaminações de trabalhadores aumentam a revolta da categoria com o posicionamento do secretário estadual de Educação, Alan Porto.
“É uma situação que entristece e causa indignação. A gente tá vendo os companheiros adoecendo e, ao invés de atuar de forma responsável diante desse quadro, o secretário usa do assédio, da coerção moral e administrativa para forçar os trabalhadores a irem para a escola”, reclamou.