Agora MT Política Com denúncias, Bolsonaro se vê cercado por ataques
POLÍTICA

Com denúncias, Bolsonaro se vê cercado por ataques

Auxiliares do presidente reclamam que não há comando na defesa de Bolsonaro e, assim, o governo age a reboque

Da Redação com Política ao Minuto
VIA

Imagem: naom 60c3d29e8eb2e Com denúncias, Bolsonaro se vê cercado por ataques
Bolsonaro – Foto: © Getty Images

A semana que começou no Palácio do Planalto ainda com a ressaca do depoimento do deputado Luis Miranda (DEM-DF) à CPI da Covid terminou com a abertura de dois inquéritos – um para investigar atos antidemocráticos e outro para apurar suposto crime de prevaricação no caso Covaxin.

Entre esses dois pontos, em entrevista à Folha na terça-feira (29), Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresenta como vendedor de vacinas, afirmou que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde.

Disse que o então diretor de Logística do ministério, Roberto Ferreira Dias, cobrou a propina em jantar em Brasília no dia 25 de fevereiro. Dias foi exonerado após a entrevista.

O balanço de assessores do Planalto é que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chega ao momento mais crítico de seu governo atacado por todos os lados, com sua autoconcedida bandeira anticorrupção chamuscada, sem uma estratégia a seguir e, consequentemente, carente de um discurso que o coloque em uma posição de segurança.

Ao longo dos últimos dias, o mandatário foi do silêncio –chegou até a evitar seus apoiadores no Palácio da Alvorada por dois dias– à verborragia de costume para tentar mobilizar a base mais radical.

Auxiliares do presidente reclamam que não há comando na defesa de Bolsonaro e, assim, o governo age a reboque.

Foi o que aconteceu, por exemplo, na noite de 23 de junho, quando o ministro Onyx Lorenzoni (Secretaria-Geral) levou um dos investigados pela CPI, Elcio Franco, assessor especial da Casa Civil e ex-secretário-executivo da Saúde, para dar resposta às denúncias de Luis Miranda e de Luis Ricardo Fernandes Miranda, servidor do Ministério da Saúde e irmão do deputado.

Eles trouxeram à tona supostas irregularidades no contrato de compra da vacina Covaxin. Onyx não esclareceu pontos nebulosos da acusação, como o que Bolsonaro fez ao tomar conhecimento do que os dois apresentaram.

Em vez de expressar preocupação do governo em desvendar o que foi relatado pelos irmãos Miranda, o ministro foi para o ataque e anunciou que a Polícia Federal iria investigá-los.

Uma primeira explicação do que Bolsonaro teria feito diante do que os Miranda contaram só veio no dia seguinte, quando senadores governistas da CPI disseram que o presidente levou os relatos ao general Eduardo Pazuello, então ministro da Saúde.

Cinco dias depois das ameaças feitas por Onyx, Bolsonaro procurou afastar de si a responsabilidade, adotando um discurso semelhante ao do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na época do escândalo do mensalão, quando o petista alegava não saber dos desvios em seu governo.

“Ele [Luis Miranda] que apresentou [informações sobre a compra da vacina], eu nem sabia como é que estavam as tratativas da Covaxin porque são 22 ministérios”, disse em 28 de junho.

Só na tarde de 29 de junho o governo decidiu suspender o contrato com a Precisa Medicamentos para obter 20 milhões de doses da Covaxin.

Na sexta-feira (2), a PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de inquérito para apurar o suposto crime de Bolsonaro por prevaricação no caso. A ministra Rosa Weber determinou a abertura do inquérito.

Dominguetti deu um tumultuado depoimento na CPI na quinta-feira (1º) e confirmou o que havia dito na entrevista.

No mesmo dia, Alexandre de Moraes, do STF, determinou o arquivamento do inquérito dos atos antidemocráticos e a abertura de outra investigação para apurar a existência de organização criminosa digital voltada a atacar as instituições, driblando a PGR.

O turbilhão de acontecimentos atingiu Bolsonaro em seu ponto mais sensível, as redes sociais. O entorno do presidente detectou que, de fácil compreensão, o caso da propina de US$ 1 colou no governo.

De acordo com estudo do Banco Modalmais e da AP Exata, empresa de análise de dados, a crise no Ministério da Saúde derrubou a confiança no presidente aos níveis mais baixos do mandato.

Durante a semana houve momentos em que apenas 9% das postagens que mencionavam Bolsonaro despertavam confiança, segundo a análise.

O estudo apontou que a perda de credibilidade teve reflexo também em grupos de direita, que estranharam a inação do presidente em relação às denúncias de corrupção.

Foi essa percepção, por exemplo, que levou a uma nova investida da militância em antigas estratégias, como a reprodução massiva de narrativas favoráveis ao governo durante a madrugada, de forma a tentar pautar as redes já no início do dia, diz a análise.

Também levou Bolsonaro a quebrar o silêncio e voltar a radicalizar o discurso. Ele voltou a levantar suspeitas infundadas sobre as urnas eletrônicas. Outro alvo dos ataques presidenciais são os senadores que integram a CPI.

Aliados do presidente temem que as agressões tenham reflexo em ambientes como a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, que em breve irá se debruçar sobre a indicação de Bolsonaro para a vaga que Marco Aurélio deixará no STF no próximo dia 12, quando vai se aposentar.

O nome preferido dos Bolsonaros, o advogado-geral da União, André Mendonça, conta com alta rejeição no Senado. Ele vinha trabalhando para reduzi-la, mas a intempestividade do chefe e o desgaste da CPI tendem a atrapalhá-lo.

Alvos frequentes do presidente, como o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), e o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), são titulares da CCJ, responsável por sabatinar o indicado e aprová-lo ou não.

Relacionadas

Congresso analisa nesta quarta veto de Lula sobre lei que restringe ‘saidinha’ de presos

Parlamentares realizam nesta quarta-feira (24) uma sessão do Congresso voltada à análise de vetos. Na pauta estão todas as 32 matérias barradas pela Presidência...

Avança no Senado a PEC que aumenta benefícios salariais para juízes, promotores e defensores

A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou na quarta-feira (17) uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria um novo benefício...

Nininho assume presidência das comissões de Agropecuária e de Revisão Territorial

O Núcleo Ambiental de Desenvolvimento Econômico da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) finalizou nesta quarta-feira (17) a instalação das suas comissões permanentes e...

Moraes manda PF aprofundar investigações sobre suposta fraude em vacinação de Bolsonaro

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, mandou a Polícia Federal aprofundar as investigações sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelos crimes...

Governo de MT firma parceria com Ministério do Meio Ambiente e Mato Grosso do Sul para proteção do Pantanal

O Governo de Mato Grosso assinou, nesta quinta-feira (18), um termo de cooperação com o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas e o...

Senado começa a discutir nesta terça aumento de benefícios para juízes, promotores e defensores

O plenário do Senado começa a debater nesta terça-feira (23) a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que cria um novo benefício salarial para...

Comissão do Senado aprova redução de IR a taxistas e motoristas por aplicativo

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta terça-feira (23) o projeto de lei que traz redução no imposto de renda a...

Governo lança programa que facilita crédito e renegocia dívidas de pequenos negócios

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, nesta segunda-feira (22), a medida provisória (MP) que cria o Programa Acredita, um pacote de ações...

Pais reclamam de tempo de espera em PA Infantil e vereadores convocam secretária de Saúde para dar explicações

Nesta quarta-feira (24), a situação do Pronto Atendimento Infantil voltou a ser debatida na Câmara Municipal de Rondonópolis. A vereadora Kalynka Meirelles (PL) e...

Especiais

Últimas

Editoriais

Siga-nos

Mais Lidas