Áudios atribuídos à fisiculturista Andrea Siqueira Valle colocam o presidente Jair
Bolsonaro no centro de um esquema ilegal para desviar dinheiro de salários de servidores públicos. A prática configura crime de peculato e foi apelidada de ‘rachadinha’. Andréia é irmã de Ana Cristina Siqueira Valle, segunda mulher do presidente Bolsonaro.
Os áudios foram divulgados hoje pelo portal UOL em três reportagens assinadas pela jornalista Juliana Dal Piva. Andréia afirma que Jair Bolsonaro controlava todo o esquema e chegou a determinar a demissão de um irmão dela, André Siqueira do Valle, que se recusava a devolver o dinheiro exigido.
“”O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: ‘Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo’. Não sei o que deu pra ele”, disse Andrea.
A declaração da ex-cunhada é o primeiro indício de envolvimento direto de Bolsonaro no esquema. Tudo teria começado no gabinete dele, no período em que foi deputado federal entre os anos de 1991 e 2018.
Andreia foi a primeira dos 18 parentes da segunda mulher do presidente que foram nomeados em um dos três gabinetes da família Bolsonaro (Jair, Carlos e Flávio) no período de 1998 a 2018.
Os áudios foram gravados em ocasiões diferentes nos anos de 2018 e 2019 e repassados à colunista da folha por uma pessoa que participou dos diálogos. O nome dessa pessoa não foi revelado por razões de segurança. A íntegra da reportagem pode ser conferida no podcast UOL Investiga: “A vida secreta de Jair”.
OUTRO LADO
Ao ser informado sobre as gravações de Andrea Siqueira Valle, o advogado Frederick Wassef, que representa o presidente, negou ilegalidades e disse que existe uma antecipação da campanha de 2022.
Wassef afirmou que os fatos narrados por Andrea “são narrativas de fatos inverídicos, inexistentes, jamais existiu qualquer esquema de rachadinha no gabinete do deputado Jair Bolsonaro ou de qualquer de seus filhos”.