Agora MT Brasil Violência contra a mulher persiste 15 anos após Lei Maria da Penha
PROBLEMA NACIONAL

Violência contra a mulher persiste 15 anos após Lei Maria da Penha

Apesar da proteção legal, as agressões cometidas por ex-maridos ou ex-namorados aumentaram quase três vezes em oito anos

Da Redação
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Imagem: Violencia contra mulher Violência contra a mulher persiste 15 anos após Lei Maria da Penha
Dados mostram que há maior proteção, porém violência contra a mulher ainda é alta no país – Foto: Reprodução

Neste sábado (7), a Lei Maria da Penha (Lei 11.340, de 2006) está completando 15 anos. Criada para enfrentar atos de violência física, sexual, psicológica, patrimonial ou moral contra a mulher, a norma é considerada uma das três leis mais avançadas do mundo pelo Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem). Apesar disso, o combate à violência ainda exige esforços por parte do Estado

Em nota, a líder da Bancada Feminina no Senado, Simone Tebet (MDB-MS), ressaltou os avanços na legislação, especialmente a tipificação do crime de feminicídio.

“Nunca se produziu tanto nessa pauta. Fui a primeira mulher presidente da Comissão Mista do Congresso Nacional de Combate à Violência contra a Mulher, em 2015. Se você perguntar, mais de 90% da população brasileira conhece a Lei Maria da Penha. É a lei que protege as mulheres. É a lei que fala: se o homem ameaçar, bater, matar a mulher, ele vai para cadeia. Então, essa é uma lei que ‘pegou’, porque atende aos anseios mais básicos da população brasileira. A maioria dos homens também quer acabar com a violência contra a mulher”.

Desde o início de 2020, 11 proposições passaram pelo Senado pedindo alterações da lei. Uma delas já consta na legislação: a Lei 14.188, de 2021, que cria o Programa Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica e Familiar. Oriunda do PL 741/2021, a norma estabelece, entre outras medidas, a letra X escrita na mão da mulher, preferencialmente na cor vermelha, como um sinal de denúncia de situação de violência em curso.

Na quinta-feira (5), mais uma lei que trata do tema, cujo projeto foi aprovado por unanimidade no Senado, foi sancionada. A Lei 14.192, de 2021, que estabelece regras para prevenir, reprimir e combater a violência política contra a mulher, criminaliza abusos e determina que o enfrentamento a esse tipo de violência faça parte dos estatutos partidários.

Imagem: simone tebet Violência contra a mulher persiste 15 anos após Lei Maria da Penha
A senadora Simone Tebet disse que a maioria dos homens também quer acabar com a violência contra a mulher- Foto: Reprodução

MARCO
Até antes da promulgação da lei, o crime de violência contra a mulher era considerado de menor potencial ofensivo. Foi só depois de 2006, após a sanção da Lei Maria da Penha, que a legislação passou a ser mais ostensiva. O nome homenageia Maria da Penha Maia Fernandes, que sofreu tentativa de feminicídio e ficou paraplégica. O agressor era o próprio marido, que por quase duas décadas respondeu em liberdade.

Quando a lei foi aprovada pelo Congresso, a Presidência do Senado era ocupada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL). “Carrego comigo esse orgulho”, disse pelo Twitter. “Nunca é demais lembrar que a violência continua e precisa ser combatida”, completou.

Para a senadora Nilda Gondim (MDB-PB), a Lei Maria da Penha representa um marco histórico na legislação brasileira de proteção à mulher.

“Há 15 anos, portanto, nós estamos fazendo justiça às mulheres. Que a gente possa melhorar e aperfeiçoar cada vez mais essa lei, como estamos fazendo, conquistando mais espaços, conquistando na justiça as maiores providências, como instrumentos para que possamos nos defender, defender outras mulheres e provar que nó somos mulheres corajosas, determinadas e merecemos tratamento igualitário e sermos respeitadas”, disse à Agência Senado.

DADOS
De acordo com levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em parceria com o Instituto de Pesquisas Datafolha, uma em cada quatro mulheres brasileiras acima de 16 anos afirmam ter sofrido alguma forma de violência durante a pandemia do covid-19, especificamente nos últimos 12 meses.

Para a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), ainda é preciso unir esforços para mudar o  cenário.

“Maria da Penha, propulsora na luta contra a violência doméstica no Brasil, ficou paraplégica por conta de um tiro disparado por seu marido. Antes da cadeira de rodas, Maria da Penha era frequentemente agredida. Prova de que a violência doméstica é preanunciada, muitas vezes até escancarada. Ela se mostra em hematomas escondidos, em ameaças, em violência verbal, em comportamentos públicos que todos nós podemos e devemos coibir. Briga de marido e mulher se mete a colher sim. Colher do Estado, da Justiça e da sociedade”, afirma.

Imagem: dj ivis agredindo a ex mulher Violência contra a mulher persiste 15 anos após Lei Maria da Penha
Flagrante de agressão feita pelo Dj Ivis é um exemplo de como as agressões ocorrem em todas as classes sociais – Foto: Reprodução

O Instituto DataSenado faz, a cada dois anos, a Pesquisa Nacional sobre Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Na última publicação, em 2019, revelou-se que as agressões cometidas por ex-maridos ou ex-namorados aumentaram quase três vezes em oito anos. O próximo levantamento deve ser lançado no fim deste ano.

CONSCIÊNCIA
Em alusão à “Campanha de Conscientização pelo Fim da Violência contra a Mulher”, o prédio principal e a cúpula do Senado serão iluminados pela cor roxa a partir de quarta-feira (11) até o dia 20. O pedido foi feio pela senadora Leila Barros (sem partido-DF) e aprovado pelo primeiro-secretário, senador Irajá (PSD-TO).

“A violência doméstica é uma mancha que permanece envergonhando a sociedade brasileira, mesmo em pleno século 21. A Lei Maria da Penha foi um importante marco na luta de nós, mulheres, por igualdade de direitos e por jogar luz à necessária assistência à vítima de violência. Ainda há muito o que ser feito para que sejamos vistas como cidadãs com os mesmos direitos e deveres que homens. A norma nos faz acreditar em diálogos que gerem um legado de respeito para as próximas gerações”, afirma Leila.

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