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JULGAMENTO DE TENENTE

Promotor: “Aluno foi exposto a intenso sofrimento físico e mental que lhe custou a vida”

Promotor pede condenação de Izadora Ledur pelo crime de tortura contra Rodrigo Claro

Por Camila Ribeiro
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Imagem: Ledur Promotor: “Aluno foi exposto a intenso sofrimento físico e mental que lhe custou a vida”
Ledur é ré pelo crime de tortura – Foto: Reprodução

Teve início na tarde desta quinta-feira (23), o julgamento da tenente do Corpo de Bombeiros Izadora Ledur de Souza Dechamps. A militar é ré pelo crime de tortura que culminou na morte do aluno Rodrigo Patrício Lima Claro.

Claro passou mal durante aula prática, no dia 10 de novembro, de 2016, na Lagoa Trevisan, em Cuiabá e acabou falecendo cinco dias depois.

O julgamento é realizado pelo Conselho Especial de Justiça, presidido pelo juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Criminal Especializada da Justiça Militar de Cuiabá.

Compõem o conselho, o tenente-coronel Neurivaldo Antônio de Souza e os majores Paulo César Vieira de Melo Júnior, Ludmila de Souza Eickhoff e Edison Carvalho.

Confira os principais trechos do início do julgamento:

“Para de ‘frouxura’, você é ‘bichinha'”

O julgamento teve início por volta das 13 horas, com a defesa de Ledur – representada pelo advogado Huendel Rolim – pedindo a dispensa da acusada. Pedido este que foi aceito pelo Conselho.

Na sequência, o promotor de Justiça, Paulo Henrique Amaral Motta, iniciou a acusação.

Ao longo de sua sustentação, ele destacou trechos de depoimentos de testemunhas que, conforme o promotor, descreveram “momentos de terror” vividos por Rodrigo Claro durante a atividade aquática que o levou à morte.

Segundo testemunhas, no dia em que foi realizado o treinamento na Lagoa Trevisan, Claro pediu para sair da água várias vezes, sendo desautorizado pela tenente Ledur.

“Para de ‘frouxura’, você é um ‘bichinha’. Não é homem para vestir farda”, dizia ela. Ainda conforme as testemunhas, Ledur iniciou sessões de submersão contra Claro, inclusive, jogando água no rosto da vítima, que chegava a pedir “por favor” para que a atividade fosse encerrada.

Ao longo da sustentação, o promotor citou que as testemunhas disseram que Rodrigo Claro, de fato, tinha dificuldades em aulas de natação. E, segundo os colegas, a tenente fazia com que alunos “executassem as atividades de qualquer forma”.

Após concluída a travessia naquele dia, Rodrigo vomitou muito, estava com lábios roxos, reclamava de dores na cabeça e, de joelhos, falava que não queria mais participar da atividade.

Conforme os colegas de Claro, embora Ledur tratasse de forma humilhante todo o pelotão, a diferença era mais acentuada contra a vítima, justamente em razão de o aluno ter dificuldades no ambiente aquático.

Alunos também disseram que a tenente tinha comportamentos e posturas “excessivas”.

Depoimento de mãe

Também durante a sustentação, o promotor destacou trechos do depoimento da mãe da vítima, a senhora Jane Claro.

Segundo ela, em dada situação em que foi visitar o filho, percebeu uma mancha roxa na costela do rapaz. Ele teria dito que se machucou em um treinamento aquático [feito na UFMT], quando foi empurrado pela tenente Ledur, caindo na borda da piscina e machucando.

Já no dia do treinamento na Lagoa Trevisan, Jane Claro afirmou ter recebido uma mensagem do filho onde ele dizia que estava com muito medo porque a Ledur estaria no treinamento e teria dito que, na Lagoa, Claro iria “sofrer a consequências do atestado [médico] que ele havia pego”.

“Humilhações e constrangimentos”

Ao final da sustentação, o promotor Paulo Henrique Amaral Motta afirmou que a tenente Izadora Ledur submeteu o aluno Rodrigo Claro a humilhações, constrangimentos e violências reiteradas.

Segundo ele, ficou evidenciado que houve – durante considerável lapso temporal – reiterados afogamentos da vítima.

“Também está demonstrado no bojo dos autos que, ao sair da água, Rodrigo apresentou dores de cabeça, sintomas de AVC. E ele foi submetido do 1º Batalhão até a Policlínica do Verdão, a pé, para atendimento ambulatorial. De lá, encaminhado a atendimento hospitalar, de onde saiu morto”, destacou.

“Não resta dúvida que o aluno foi exposto a intenso sofrimento físico e mental que lhe custou a vida”, emendou o promotor, ao reiterar que a postura da tenente teve como objetivo “castigar” a vítima e não de educar ou ensinar o aluno.

Segundo ele não há que se falar, neste caso, em “mero excesso” de uma instrutora, mas sim, uma grave conduta que resultou na morte do aluno.

“A tenente Ledur, infelizmente, praticou crime de tortura sendo merecedora de decreto condenatório – justo, razoável – mas condenatório”, concluiu ele, ao pedir a condenação da tenente.

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