A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou ontem (17) uma carta aberta à Assembleia Legislativa de São Paulo (ALSP)pedindo a punição do deputado bolsonarista Frederico d’Avila (PSL), que chamou o papa Francisco e o arcebispo de Aparecida (SP), dom Orlando Brandes, de “pedófilos”, “vagabundos” e “safados'”.
“Com ódio descontrolado, o parlamentar atacou o Santo Padre o Papa Francisco, a CNBB, e particularmente o Exmo. e Revmo. Sr. Dom Orlando Brandes, arcebispo de Aparecida. Feriu e comprometeu a missão parlamentar, o que requer imediata e exemplar correção pelas instâncias competentes”, diz a carta.
A CNBB também informou que pretende levar o assunto à Justiça, por meio de uma interpelação, para que o deputado esclareça as ofensas e acusações.
“A CNBB tratará esse assunto grave nos parâmetros judiciais cabíveis. As ofensas e acusações, proferidas pelo parlamentar, protagonista desse lastimável espetáculo, serão objeto de sua interpelação para que sejam esclarecidas e provadas nas instâncias que salvaguardam a verdade e o bem, de modo exigente nos termos da lei”.
ENTENDA O CASO
Os ataques do deputado estadual foram feitos em discurso na ALSP no dia 14 de outubro, dois dias após as críticas feitas pelo arcebispo Orlando Brandes em sermão na missa do feriado de 12 de outubro – Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.
Durante a celebração realizada no período da manhã, antes de visita do presidente Jair Bolsonaro ao local, o arcebispo fez alertas sobre o discurso de ódio, as notícias falsas e defendeu a ciência e a vacinação contra o coronavírus. Ele também criticou o armamento da população.
“Vamos abraçar os nossos pobres e também nossas autoridades para que juntos construamos um Brasil pátria amada. E para ser pátria amada não pode ser pátria armada”, disse Brandes no sermão.
O deputado Frederico d’Avila não gostou das críticas e usou sua participação na sessão da Assembleia para atacar o arcebispo e a Igreja Católica.
“Seu vagabundo, safado da CNBB, dando recadinho para o presidente [Jair Bolsonaro], para a população brasileira, que pátria amada não é pátria armada. Pátria amada é a pátria que não se submete a essa gentalha, seu safado”, afirmou na tribuna da Assembleia.
“Seu vagabundo, safado, que se submete a esse papa vagabundo também. A última coisa que vocês tomam conta é do espírito e do bem-estar e do conforto da alma das pessoas. Você acha que é quem para ficar usando a batina e o altar para ficar fazendo proselitismo político? Seus pedófilos, safados. A CNBB é um câncer que precisa ser extirpado do Brasil”, disse.
A Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de São Paulo ainda não se pronunciou sobre o assunto.