A Secretaria Estadual de Saúde negou que tenha havido demora no atendimento da paciente Elizangela Barcellos Pereira, que faleceu no Hospital Regional Irmã Elza Geovanella no dia 24 de setembro. A informação foi contestada pelo Hospital Municipal Coração de Jesus, de Campo Verde, onde a paciente morava.
O caso faz parte da denúncia formulada nesta semana ao Ministério Público, apontando problemas no recebimento de pacientes encaminhados pelos municípios que integram a Regional Sul de Saúde.
Elizangela foi internada inicialmente devido a uma fratura, mas acabou sendo vítima de uma embolia pulmonar fulminante. A embolia pulmonar é causada por coágulos de sangue que podem obstruir as artérias do pulmão, levando à morte. Entre os fatores que podem provocar os coágulos o mais comum é a imobilidade prolongada.
Na denúncia levada ao Ministério Público, a informação é que a paciente teria ficado imobilizada por 13 dias em uma maca enquanto aguardava transferência para ser operada no Hospital Regional em Rondonópolis.
Em resposta ao portal Agora MT, a Secretaria Estadual de Saúde contestou a denúncia de recusa de atendimentos no HR em Rondonópolis. Eles também disseram estar impedidos, por questões éticas, de dar informações detalhadas sobre o caso da dona Elizangela. Mas negaram que a paciente tenha ficado imobilizada durante muito na unidade hospitalar.
“De acordo com os registros do Hospital Regional de Rondonópolis, a paciente deu entrada na unidade no dia 23 de setembro e faleceu no dia 24. Portanto, não procede a informação de que a paciente esperou por 13 dias dentro do Hospital Regional. Alinhada ao Código de Ética Médica, a SES não está autorizada a divulgar detalhes sobre o quadro clínico de pacientes assistidos pela Rede Estadual de Saúde, portanto, o Hospital Regional seguirá à disposição dos familiares para prestar todo e qualquer esclarecimento sobre o caso”, informou a assessoria da SES/MT.
CAMPO VERDE
A reportagem procurou também a direção do Hospital Municipal Coração de Jesus (HMCJ), de Campo Verde, onde Elizangela foi tratada inicialmente. Em nota, ele explicaram que a paciente foi internada no dia 14 de setembro com diagnóstico de fratura de vertebra AL1 e, no mesmo dia, foi pedida a transferência para o Hospital Regional em Rondonópolis, que é a unidade de referência para tratamentos de alta complexidade.
Ainda no Hospital de Campo Verde Elisângela foi submetida a uma tomografia que confirmou a gravidade do quadro. A situação também foi comunicada ao Hospital Regional.
A direção do HMCJ informou que enquanto aguardava a liberação da vaga, manteve Elisângela em um leito com todo suporte clinico necessário. “Todos os dias em que a paciente passou internada foi realizada a atualização do boletim de transferência. Ela permaneceu no HMCJ até o dia 23/09 quando enfim foi transferida, depois ficou a cargo do tratamento no Hospital Regional, onde houve a fatalidade”.
Fontes ouvidas pela reportagem avaliam que o quadro clínico informado pelo HMCJ permitiria classificar Elizangela como uma paciente ‘vaga zero’, condição que segundo Portaria nº 2048/02 do Ministério da Saúde deveria assegurar o pronto atendimento na unidade de referência independentemente da existência de vagas.
O caso segue sob investigação da Promotoria de Justiça, que deverá se pronunciar oficialmente nos próximos dias.
Veja abaixo a íntegra da nota encaminhada ao portal Agora MT pela direção do Hospital Municipal Coração de Jesus e também o que disse a Secretaria Estadual de Saúde sobre o caso.
Nota Hospital Municipal Coração de Jesus – Campo Verde
A paciente Elisângela Barcelos Pereira deu entrada no Hospital Municipal Coração de Jesus no dia 14/09 com diagnóstico de fratura de vertebra AL1, foi internada e imediatamente foi pedido uma vaga para sua transferência para unidade de referência, por se tratar de lesão de alta complexidade, ainda levando em conta de que não possuímos na cidade um profissional neurocirurgião.
Posteriormente foi avaliado através de tomografia que havia uma protrusão óssea, tratamento indicado somente para a alta complexidade.
A paciente ficou internada no HMCJ em um leito de enfermaria com todo suporte clinico necessário, todos os dias em que passou internada foi realizada a atualização do boletim de transferência.
Ela permaneceu no HMCJ até o dia 23/09 quando enfim foi transferida, depois ficou a cargo do tratamento no Hospital Regional, onde houve a fatalidade.