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OPINIÃO

Bolsonaro e o Mito Filosófico

Kleison Teixeira é cientista político e disputou a prefeitura de Rondonópolis em 2020
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Quem acompanhou o resultado das eleições presidenciais de 2018, viu o êxtase de uma parcela da população que não estava acostumada a ocupar os espaços públicos e a disputa política nas ruas, expondo todo seu patriotismo. Isso foi resultado de uma luta que começou a partir de 2013, quando setores de direita resolveram sair às ruas e travar uma batalha contra a hegemonia da esquerda, que após treze anos de governos petistas, se encontrava domesticada no afã de que a conciliação lulista atenderia todas as suas demandas históricas.

A festa de verde e amarelo contemplava a vitória de Bolsonaro, recém eleito presidente do Brasil, com pouco mais de 57 milhões de votos. Ali começava um novo momento na história da República, marcado pelo forte discurso anticorrupção, pelas políticas econômicas ultraliberais e pela busca da moralidade como horizonte de luta, tanto no campo político, quanto no campo institucional.

Imagem: artigoKleison figura resulteleicao Bolsonaro e o Mito Filosófico

Diante de uma vitória com números tão representativos, à imprensa em uníssono apontou duas unanimidades dentro dos ministérios: Sergio Moro, ministro da justiça e segurança pública, e Paulo Guedes, ministro da economia.

O primeiro, um ex-juiz que afirmou que jamais entraria para a política, afim de impedir que essa decisão pudesse jogar algum tipo de suspeição à operação lava jato. O segundo, um economista da escola de Chicago, que tem como modelo econômico o Chile do ditador Augusto Pinochet.

Não bastasse que duas figuras desqualificadas como essas fossem apontadas pela mídia como excelentes quadros para o governo, ainda houve a normalização de Bolsonaro como alguém capaz de conviver com a democracia e que em caso de afronta, nossas instituições estariam ali para segurá-lo.

A caminho de completar três anos de governo, todas as análises que apontavam algum otimismo com essas figuras medíocres deram com os burros n’água. O mais triste dessa constatação é saber que esses analistas depositaram muito mais crenças ideológicas, do que racionalidade nesses diagnósticos. E daí surge o questionamento aos meios de comunicação que abriram seus espaços a esse tipo de análise: como algo tão amador pôde ser transmitido à milhares de pessoas, diuturnamente, como se fosse a plataforma política mais sofisticada de uma campanha?

Imagem: artigoKleison figura3 Bolsonaro e o Mito FilosóficoEsse talvez seja o atenuante de maior gravidade em um ambiente democrático. Quando os meios de comunicação não assumem seu papel social e fazem campanha de maneira velada, sob o discurso de uma suposta imparcialidade. É impossível olhar para essa imagem dos planos de governo e achar que Bolsonaro enganou os brasileiros. Se uma criança de 10 anos escrever todos os seus sonhos para o país em um papel, sai algo mais sofisticado do que isso.

Portanto, não dá pra dizer que Bolsonaro cometeu estelionato eleitoral, mas dá pra apontar os atores que foram responsáveis por transformar tudo que havia de medíocre, em sinônimo de esperança para o sofrido povo brasileiro.

O ex-juiz Sergio Moro, talvez seja o caso de maior simbiose entre os meios de comunicação e uma figura pública.

Como um dos responsáveis pela operação lava jato, praticamente ditava qual seria a notícia dos telejornais, se utilizando de vazamentos através do ministério público para os meios de comunicação que sequer questionavam, apenas transformavam em pauta, criando um ambiente de enfraquecimento político-institucional baseado em um raso discurso anticorrupção, que apesar de raso, foi suficiente para garantir o seu ingresso no governo e se tornar ministro da justiça e segurança pública.

Com uma atuação sem nenhuma expressividade no MJSP, o ex-juiz viu seu projeto do pacote anticrime ser esvaziado no congresso, além de ter exposta a sua atuação em conluio com o MP durante a operação lava jato em um mega vazamento de conversas que viria a ser batizado de “vaza jato”.

Seu pedido de demissão veio após entrar em conflito com o presidente Jair Bolsonaro para ver quem seria responsável pelo controle da PF. Moro por motivos políticos e Bolsonaro por motivos pessoais, mais especificamente para a proteção dos seus filhos.

Imagem: artigoKleison figura2 Bolsonaro e o Mito FilosóficoPor outro lado, Paulo Guedes, alçado ao posto de super ministro da economia, tem na experiência pinochetista no Chile, seu maior objetivo.

Com uma política econômica ultraliberal, tem entregado as estatais ao capital privado a preço de banana, enquanto acionistas lucram milhões com o faturamento dessas empresas. O caso mais emblemático é da Petrobras. Com sua política de preços baseada no custo internacional do petróleo, brasileiros têm tido aumentos cumulativos nos combustíveis, que já passam dos 70%.

Como o principal modal de transporte do país é o rodoviário, todos os produtos que circulam têm sofrido aumento e quem sofre mais são os pobres. Por conta da inflação no preço dos alimentos, muitos deles têm entrado nas estatísticas de insegurança alimentar e enfrentado a fila dos ossos para garantir a sua sobrevivência.

Se antes das eleições os analistas apontassem o aumento do número de suicídios em idosos no Chile, como consequência de uma política econômica previdenciária  defendida por Paulo Guedes, é possível que não precisássemos chegar até aqui para saber o quanto ele é desprezível. Apenas o fato dele defender um programa econômico implementado durante uma ditadura já deveria dar o indício de onde isso poderia chegar, no entanto, diferente de Moro, ele ainda faz parte e dá sustentação a esse governo.

Imagem: artigo Kleison figura3 Bolsonaro e o Mito FilosóficoE para finalizar a leitura sobre um governo que nunca poderia dar certo, vamos à figura mais desprezível e medíocre de todas, o presidente eleito, Jair Messias Bolsonaro.

Chamado de mito pelos seus seguidores, ficou por trinta anos no congresso sem fazer absolutamente nada a não ser fazer apologia a práticas fascistas e cometer diversos crimes de peculato, carinhosamente chamado de “rachadinha”. É óbvio que alguém genuinamente inútil, apesar de custoso para os cofres públicos, não poderia dar certo na presidência de um país e hoje quem paga essa conta somos nós.

Quero aqui me atentar ao mito filosófico, que na falta de uma explicação à luz da razão para determinados eventos, era invocado. Quando olhamos às figuras que compõem esse governo e não buscamos uma explicação racional, caímos no compêndio de achar que tudo isso é inacreditável, ainda que hajam suas razões.

Bolsonaro é um mito, mas é um mito filosófico. Ele é a explicação mais lógica para quem não se interessa em explicar o Brasil à luz da razão.

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