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Imagem: AGORA com Vanzeli Mais com menos

A inflação voltou. Felizmente, não nos níveis absurdos dos índices dos anos 1980 e início dos anos 1990. Os que não viveram aquele momento não conseguem compreender em palavras o que significava uma inflação de 40% em um único mês. Naquela época, o item mais vendido nas lojas de eletrodomésticos era o freezer, já que era necessário estocar alimentos em casa. Fazíamos a “compra do mês”. Ao recebermos o salário, corríamos ao supermercado porque, no dia seguinte, os preços das mercadorias já eram outros. Mais caros, obviamente.

A estabilização inflacionária foi uma enorme conquista do Plano Real. Acostumado com a alta dos preços, o real trouxe, inicialmente, a ideia da diferença entre o preço e o valor dos produtos. O governo federal cunhou a URV (unidade real de valor) e determinou que os produtos tivessem os preços fixados não mais em cruzeiros reais (era a moeda corrente à época), mas em URV’s.

O preço da UVR variava diariamente, mas não os preços dos produtos fixados em URV. Assim, eu me lembro, uma lata de refrigerante custava 1 URV. Para saber quanto pagaria por ela em cruzeiros reais, bastava multiplicar o preço em URV por sua cotação diária, que era amplamente divulgada na imprensa. Pronto! Aprendemos que os produtos tinham um valor real. Daí para mudar o dinheiro de cruzeiro real para real foi um pulo. E o brasileiro de então não admitia que os preços subissem em reais. O povo “comprou” a ideia e o plano foi um sucesso nesse quesito.

A inflação de hoje é diferente daquela verificada no final do século passado. Ali, os serviços pressionavam os preços. Aqui, são os alimentos e a energia, principalmente. A pandemia da Covid-19 afetou a economia mundial e quebrou diversas cadeias produtivas. Com isso, os alimentos ficaram mais caros em todos os países. E, embora a pandemia não esteja impactando tanto a economia nesse ano, temos uma guerra em andamento em cujo conflito estão os dois maiores exportadores de trigo e petróleo do planeta, a Rússia e a Ucrânia. Os preços dessas commodities estão nas alturas e nem a valorização do real frente ao dólar pôde conter a alta nos preços desses produtos.

E o povo tem sentido isso. Em recente pesquisa realizada pelo Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo e divulgada pelo Estadão, 73% dos consumidores deixaram de comprar carne. Quase 10% deixaram de comprar iogurte e bebida alcoólica. E perto de 6% não levaram feijão para casa. E o poder de compra está caindo mais para quem ganha até 10 salários mínimos, ou seja, para a maioria esmagadora da população.

No período inflacionário dos anos 1980 e 1990, havia um mecanismo de reposição do poder de compra, a indexação salarial, que recompunha, em parte, a perda salarial. Hoje, a maioria dos acordos coletivos salariais ficaram abaixo do índice inflacionário. Não acredito que cheguemos a um quadro hiperinflacionário, como o que vivi na infância e juventude. Mas, nunca foi tão necessário ensinar às famílias a fazerem orçamento doméstico, a fim de a nossa gente poder comprar mais com menos. Será possível isso? Não sei. Mas, necessário é!

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