Um requerimento (número 27/2022) apresentado na sessão ordinária da Câmara desta quarta-feira (20) pela vereadora Kalynka Meireles (Republicanos) pede à Secretaria Municipal de Educação (Semed) que investigue casos de dificuldade no desenvolvimento da aprendizagem de alunos da Rede Municipal neste retorno às atividades presenciais pós-pandemia. Segundo afirma a parlamentar, o relato foi feito por professores da Rede, que têm constatado mudanças comportamentais nas crianças, em especial falta de concentração, desde a retomada dentro das salas de aula.
O documento vai ao encontro da Lei Federal número 19.935, de 2019, que dispõe sobre a presença de profissionais psicólogos e assistentes sociais para o acompanhamento pedagógico dentro das escolas. No requerimento, Meireles questiona a quantidade destes profissionais atuantes na Rede, contabilização de crianças com deficiência ou transtornos de comportamento, além de ações e parcerias entre Semed e Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
“Alguns professores vieram em busca de informações. Muitas crianças passaram estes últimos tempos longe das salas de aula”, diz Kalynka. “A maioria dos professores do Município são pedagogos, então eles têm essa dificuldade em conseguir diagnosticar, como um psicólogo, por exemplo, o que essas crianças estão encontrando como dificuldade neste retorno às aulas presenciais. Se é uma dificuldade de concentração por terem passado muito tempo fora da sala de aula ou se, de repente, ela tem algum tipo de transtorno”, completa.
De acordo com a vereadora, o Município segue sem dados atualizados de crianças diagnosticadas com transtornos comportamento, como, por exemplo, o espectro autista. “Temos muitas crianças laudadas, mas ainda faltam muitas. Há crianças que fazem acompanhamento junto ao Caps (Centro de Atenção Psicossocial), mas nem todas. Por isso este pedido, para a atuação de psicólogos e assistentes sociais dentro das escolas. Quando você trabalha com toda essa equipe, o psicólogo consegue fazer com que o pedagogo desenvolva técnicas para aperfeiçoar o aprendizado dessas crianças. Final do ano vamos ter o Ideb Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e os professores estão preocupados com o desenvolvimento destes alunos”, argumenta.
Herança da pandemia
Ainda dos relatos dos professores da Rede, os dois anos de afastamento dos alunos de sala de aula por conta da pandemia pode ter aumentado os casos de crianças com atraso no desenvolvimento escolar. “Quando a criança vem da pré-escola, por exemplo, já vem condicionada, embalada, a seguir normas, regras. Agora com essa pausa parte foi perdido. Temos crianças hoje no terceiro ano que não aprenderam o conteúdo nem do primeiro e, ainda, estão com essa dificuldade em ficar em sala de aula”, diz Kalynka.
Nilmo Junior
Em outro requerimento (número 28/2022), a vereadora pede ao Município a descentralização dos atendimentos do Centro de Reabilitação Nilmo Junior. A ideia, afirma Kalynka, é abertura de polos em regiões estratégicas para o acesso à população que interrompeu o acompanhamento. “Pacientes me relataram que precisaram interromper [os acompanhamentos] por simplesmente não terem condições de se deslocar até o Nilmo Junior (às margens da BR-364, proximidades do acesso ao Parque Universitário). Existem pessoas que não tem condições financeiras de bancar combustível ou transporte. Outras já estão com dificuldade de mobilidade”, diz.
O requerimento sugere, além da criação dos polos, a gratuidade do transporte coletivo aos acompanhados pelo Centro de Reabilitação, reforço nas equipes que atuam em domicílio e a destinação de transporte exclusivo para pacientes, mas reafirma que “a descentralização seria o melhor caminho”.