Nossa indicação literária da semana é a obra de Richard Bach, “Fernão Capelo Gaivota”, uma das obras mais vendidas do mundo. O livro narra a jornada solitária de uma gaivota que não se conformava em levar uma vida cômoda e previsível como as demais, voando baixo todos os dias com o olhar fixo na superfície, em busca de restos de alimentos.
Acordar, voar baixo, comer restos, passar o tempo e dormir para recomeçar o ciclo no outro dia. Como está sua vida, sua rotina? Você também está voando baixo todos os dias, olhando para o chão em busca das sobras? Fernão, ao contrário das outras gaivotas, queria alcançar o céu, e buscava voar cada vez mais alto, ignorando a recomendação de continuar seguindo o paradigma vigente entre aquelas aves. Foi duramente criticado, julgado e zombado por isso, mas ele não desistiu de seus sonhos. Houve grande pressão das demais gaivotas para que Fernão deixasse de ser um “sonhador”, e aceitasse o destino comum com gratidão, como todo mundo. Mas essa vida apática não era para ele, e nada foi capaz de removê-lo da ideia de buscar o sol.
Na ilha de Delfos, na antiga Grécia, se localizava o mais famoso templo dedicado ao Deus Apolo, em cuja fachada se lia “nosce te ipsum”, que significa, “conhece a ti mesmo e conheceras o universo e os deuses”. A busca pelos grandes mistérios do universo começariam, desse modo, dentro de cada indivíduo, em uma busca profunda e solitária. Não o solitário de estar fisicamente sozinho, não, pois somos seres sociais, e tanto para aprender como para ensinar, necessário estarmos em conjunto. Mas o solitário de missão que só pode ser cumprida por você. Ninguém pode caminhar o seu caminho, esse é um serviço para uma só pessoa, você mesmo.
Permanecem sem uma resposta definitiva, as 3 maiores perguntas, que atormentam a humanidade desde que o mundo é mundo: “quem somos? de onde viemos? para onde vamos?” O filósofo Sócrates após uma vida dedicada ao estudo, à reflexão e à busca por respostas, teria cravado nas páginas da história humana uma das mais célebres frases de todos os tempos: “só sei que nada sei”. Não são as respostas que movem o mundo, e sim as perguntas. Quando deixamos de questionar nos acomodamos. Quando nos acomodamos, aceitamos um destino medíocre. Conhecer a si mesmo é reconhecer-se parte de algo muito maior e mais sublime. É perceber-se muito maior que um corpo com um nome em um documento oficial.
A recomendação para mergulhar profundo dentro de si mesmo é um convite apaixonante a uma emocionante caça ao tesouro. A verdade nos é revelada em camadas, e apenas àqueles que são verdadeiros buscadores, que não são covardes como o servo da parábola, que por medo de perder o único talento que ganhou, o enterrou, invés de partir em busca de fazer com ele algo extraordinário.
Sejamos buscadores, procurando sempre, sempre…