Sob os auspícios do pensamento iluminista do século XVIII, a Revolução Francesa eclodiu em 1789 tendo por lema “Liberté, Egalité et Fraternité”, Liberdade, Igualdade e Fraternidade, em português.
Quando da formação do parlamento francês, casualmente sentaram-se à direita do plenário os políticos de orientação conservadora e à esquerda, os progressistas de então. Os da direita, grandes burgueses, conhecidos como Gerundinos, que financiaram a revolta popular que culminou na decapitação do rei, buscavam, principalmente, evitar que o Estado continuasse a invadir a vida privada e particular e, por isso, viam brilhar a palavra “Liberdade” no lema da revolução.
Os que se sentaram à esquerda do parlamento, pequenos comerciantes e artesãos, conhecidos como Jacobinos, consideravam que não apenas o Estado devia ser tolhido de interferir na vida privada, mas que esse mesmo Estado pudesse tolher o abuso dos que detinham o poder econômico sobre a vida dos menos afortunados e, por consequência, preferiam a palavra “Igualdade” no lema.
Essa tendência de a direita do espectro político valorizar mais a liberdade, e a esquerda, a igualdade se mantém até hoje. O que falta a ambos os lados, porém, é a FRATERNIDADE. Tão esquecida nos debates em embates de ideias, só a fraternidade pode nos levar adiante, a despeito de nossas diferenças. Claro que somos diferentes. Heterogêneos. Mas justamente sobre o diálogo repousa nossa capacidade de encontrar “zonas de consenso” (não de concordância) para podermos conviver em paz.
Os discursos de ódio (da direta e da esquerda) inviabilizam esse diálogo e, por conseguinte, negam a própria política. Em vez de rebater a ideia contra a qual se opõe, busca o radical calar a boca daquele que a defende ou desqualificar o mensageiro para desacreditar a mensagem. E como estamos radicalizados hoje em dia! Não somente nós, brasileiros; o mundo todo experimenta o acirramento entre os que pensam diferentemente.
Se não entendermos e percebermos que somos um só povo, uma só nação, e que buscamos um só alvo, a melhoria das condições de vida da nossa gente, e se não admitirmos logo que precisamos das visões diferentes de mundo para, a partir de um processo dialético de “tese + antítese = síntese”, construir um país livre e igual, então ficaremos apenas a nos digladiar nas arenas digitais, a vermos famílias e amigos separados porque não pensam iguais e, como resultado, o surgimento de “bolhas de realidade” que de realidade nada possuem. É imperativo que possamos conversar logo. Só a FRATERNIDADE poderá nos dar a LIBERDADE e a IGUALDADE que todos buscamos.