O céu não é de Brigadeiro. O mundo está prestes a passar por um verdadeiro Tsunami econômico, puxado pela queda dos três grandes blocos de riqueza do planeta: os Estados Unidos, a Europa e a Ásia. Essas três forças juntas representam 75% do PIB mundial. Quando qualquer uma delas entra em recessão, temos problemas surgindo em todo o globo. Mas, as três ao mesmo tempo? Bem, isso é a “tempestade perfeita”.
Os americanos enfrentam a maior inflação em 40 anos. O custo de vida lá subiu mais de 8% no acumulado dos últimos 12 meses. A autoridade monetária dos Estados Unidos seguiu à risca a receita neoliberal e subiu os juros. Três coisas acontecerão, e em nada vão ajudar o mundo. Primeiramente, a alta dos juros vai “enxugar” o dinheiro do mercado, já que para o investidor, especialmente os grandes fundos de pensão, vão preferir migrar seus investimentos do mercado imobiliário ou de infraestrutura para emprestar o dinheiro ao governo norte-americano. Em segundo lugar, o aumento na taxa-base dos juros inibe diretamente o consumo, retraindo ainda mais a economia. Por fim, as obras que seriam financiadas pelos recursos desses fundos jamais sairão do papel e os empregos que elas gerariam jamais existirão. Menos emprego, menos consumo. A coisa não está boa por lá!
Na Europa, o grande problema é de segurança energética e alimentar. A Rússia é a maior exportadora mundial de gás e petróleo, que são consumidos, quase em sua totalidade, pelos países europeus que apoiam a Ucrânia no conflito que há entre eles. As indústrias europeias não subsistirão sem o fornecimento russo, e tentar substituir esse fornecedor não é algo que se faça de uma hora para outra. A Ucrânia, a seu turno, é a maior exportadora de trigo do continente. Estima-se uma queda para a próxima safra de mais de 30%, ou seja, vai faltar comida no planeta onde 1 bilhão de seres humanos já passam fome.
E o grande problema ao crescimento da China é o aumento no preço das commodities, especialmente petróleo e fero, além da quebra das cadeias de produção e consumo globais, ocorrida por conta da pandemia da Covid-19. Os três gigantes econômicos em crise ao mesmo tempo. “Só Jesus nessa causa”, como dizemos por aqui.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou durante o último Fórum Econômico Mundial que esses reveses somados não afetarão o Brasil. Como não? Não somos uma ilhota isolada no mundo. China, Estados Unidos e Europa, nessa ordem, são nossos principais parceiro econômicos. O dinheiro que faltar por lá, acabará por faltar por aqui também.
Não gosto de ser o porta-voz do caos. Tampouco me agrada preanunciar cenários adversos para o mundo e para nós. Mas, vendo o quadro como estou, não me sentiria confortável em minha consciência se não lhes avisasse que dias difíceis estão por vir. Tomara que eu esteja errado. Mas, em caso de não estar, acho melhor a gente fazer um “colchãozinho” financeiro para poder atravessar esse momento com o menor dano possível.