Muitas circunstâncias de nossa vida, e que contribuem para a formação de nossa personalidade, não estão sob nosso controle, nem derivam de nossas escolhas. A família e o país em que nascemos, a época em que vivemos, a escola em que estudamos etc. A rigor, passamos o tempo mais precioso de nossa vida, a infância, sob a batuta dos outros.
Bem, é claro que nem sempre temos sorte nas escolhas que os outros fazem por nós (quando os pais nos matriculam em uma determinada escola, por exemplo) e, por vezes, olhamos para aspectos do nosso passado lamentando nossa má sorte. Por que eu não nasci em uma família mais estruturada? Por que não vivi na época de meus bisavôs? Por que meus pais não me botaram na aula de piano? Por quê? Por quê? Por quê?
Mas a verdade é que, nos dias atuais, temos mesmo a oportunidade de a tudo mudar. Se ficamos a murmurar a má sorte passada, gastando tempo e energia em pensar nisso, perdemos o foco no que de mais valioso temos: o hoje! E, hoje, é o dia da mudança! Nossa vida de agora é reflexo do que fomos ontem; nossos dias futuros, do que somos hoje! Por isso, costumo dizer que meus melhores dias estão no futuro, não no passado.
Para tanto, precisamos tomar consciência de quem somos e de quem realmente desejamos nos tornar. A partir disso, temos de assumir o controle de nossas vidas, tomar o timão de nosso navio e dirigir nossa própria rota. Se continuarmos a fazer as mesmas escolhas, não podemos esperar resultados diferentes. Se queremos emagrecer, por exemplo, continuar com o atual cardápio e com a vida sedentária não vai ajudar. A mudança é a chave.
Assumir as rédeas da própria existência é uma escolha difícil (e, por vezes, dolorosa) a se fazer. Quando escolhem por nós, não somos culpados quando dá erado. E isso pode parecer um conforto, mas aquele que tem medo de fracassar já está fracassado, afinal. O erro é sinal evidente de que a mudança está sendo tentada. Quando o acerto vier, é você, e não outro alguém, que colherá os louros da conquista.
Um pequeno poema do inglês William Ernest Henley, intitulado “Invictus”, fala muito ao meu coração sobre esse assumir o leme de minha própria vida. Os versos inspiraram também a Nelson Mandela durante os 27 anos em que permaneceu preso por questões políticas na África do Sul. Compartilho com você essa obra de Henley, esperando que ela o inspire, de fato e de verdade, a tomar seu destino em suas mãos. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, já disse outro poeta, Geraldo Vandré. Boa leitura e bom início de mudança! Amanhã, começa a melhor fase da sua vida. Desfrute-a!
INVICTUS, por William Ernest Henley (1849 a 1903)
Protegido da noite que me encobre,
Escura como o vão entre os mastros,
Eu agradeço a quaisquer deuses que acaso existam
Por minha alma inconquistável.
Nas garras das circunstâncias,
Não estremeci ou chorei em voz alta.
Sob os golpes do acaso
Minha cabeça sangra, mas não curvada.
Além deste lugar de ira e lágrimas,
Agiganta-se o horror das sombras,
E, ainda assim, a ameaça dos anos
Me encontra, e me encontrará, sem medo.
Não importa quão estreito seja o portão,
Quão cheio de punições o pergaminho,
Eu sou o mestre do meu destino,
Eu sou o capitão da minha alma.