O preço dos combustíveis está pela hora da morte. Já tive oportunidade de escrever sobre o assunto aqui nesta editoria, onde avaliei os porquês de tamanha alta de preços.
Segundo pude constatar, o grande problema do Brasil é que não somos formadores, mas tomadores de preços, em se tratando de derivados de petróleo. Isto, porque não temos plantas de refinaria suficientes para beneficiar o óleo bruto. Como consequência, exportamos o petróleo que extraímos para, logo depois, importar seus derivados, especialmente gasolina e óleo diesel. Nessas operações, o câmbio e a cotação internacional do barril de petróleo contam.
Isto acontece conosco porque faltaram investimentos em nossas refinarias durante os anos de 1980 e 1990. Por duas décadas, não gastamos um real sequer para esta necessidade. Com os governos do PT, os investimentos vieram, mas só para cair nas garras da Lava-Jato. As investigações demonstraram uma rede de corrupção em obras públicas, o que incluiu as plantas de duas refinarias, a de Abreu e Lima, no Pernambuco, e a da Coperj, no Rio de Janeiro.
Para piorar, durante o governo de Dilma Rousseff, a Petrobras comprou uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos, cidade sede da final da Copa de Mundo de 1994, onde ganhamos o mundial com Romário e Cia. Mas, nesse mesmo palco, perdemos de goleada para o capital internacional, uma vez que um erro na negociação custou bilhões de reais à Petrobras, um prejuízo que ainda não foi amortizado pela Companhia.
E ainda, por conta dos escândalos de corrupção na Petrobras, o governo brasileiro, com Michel Temer, se viu premido pela Justiça americana a assinar um Termo de Compromisso para não mais interferir na política de preços dos combustíveis, a fim de que os investidores americanos não sofressem perdas pelas ingerências politiqueiras na S/A. Como resultado, não pode o presidente Bolsonaro, ainda que queira, mudar os preços dos combustíveis como bem entender, o que é muito bom, diga-se de passagem. Há um país em que o governo interfere sempre no preço dos combustíveis. Lá, a gasolina custa centavos de real. É a Venezuela. E aí! Quer se mudar para lá? Acho que não, né! A ingerência política em questões de negócios só pode trazer pobreza.
Mas Bolsonaro sabe que o preço dos combustíveis é seu “calcanhar de Aquiles” para essas eleições e bolou um plano para “destributar” os combustíveis, especialmente o diesel, retirando os impostos federais e prometendo compensar os estados que tiverem perda de arrecadação se decidirem retirar o ICMS sobre os produtos. Medida desesperada? Claro que sim! Mas, tem outro jeito?
Sem plantas para refino de nosso petróleo e sem poder mudar a política de preços da Petrobrás, como resultado da corrupção generalizada dos governos do PT, e premido pelos números das pesquisas eleitorais, não resta alternativa ao Presidente. Isso pode causar um desequilíbrio nas contas públicas. Mas, isto é assunto para outro editorial. Seja bem vinda, pois, a desoneração tributária promovida por Bolsonaro.