Elizabeth II é uma daquelas figuras sempiternas de nossa geração. Desde que nos conhecemos por gente, ela é a Rainha da Inglaterra. Não somente da Inglaterra, é verdade, senão que também do Reino Unido (que reúne, além da própria Inglaterra, o País de Gales, Escócia e Irlanda), da Irlanda do Norte e dos países da Commonwealth (Comunidade Britânica), integrada por 14 países que já foram colônias da Inglaterra.
Em verdade, o Império Britânico foi a maior organização colonial do mundo, o maior Estado descontinuado do planeta, que ia das colônias nas Américas até à Oceania, donde se cunhou a expressão: “O sol nunca se põe sobre o Império Britânico”.
Ao assumir o trono, em 1952, a Rainha Elizabeth já não encontrou um Império tão onipresente assim. Ainda, desde a década de 1950, o mundo passou por diversas transformações que reorientaram o eixo de influência econômica, ideológica ou militar sobre o globo. Seu reinado passou pela Guerra Fria (disputa de influência mundial entre Estados Unidos e União Soviética), assistiu ou participou de outras guerras reais (Guerra da Coreia na década de 1950, do Vietnã nos anos 1970, Guerra consta a Argentina nos anos 1980 pela posse das Ilhas Malvinas, Guerra contra o Iraque anos de 1990, Guerra contra o Terror e o Afeganistão nos anos 2000) e, atualmente, apoia a Ucrânia na resistência à invasão russa ao seu território. Esse traço genético inglês de povo guerreiro acabou por ser “transmitido” a seus “filhos norte americanos”.
Para além disso, porém, o que marcou o reinado de Elizabeth II foram os escândalos familiares e sua aparente impassibilidade diante deles. Primeiro foi o casamento do Príncipe Charles, seu herdeiro e sucessor no Trono, com a plebeia (e a mais encantadora de todas as princesas) Diana. Em 1992, seus três filhos, inclusive, Charles, dissolveram seus casamentos, ao que ela chamou de “annus horribilis” (ano horrível). Depois, em 1997, foi duramente criticada quando se mostrou fria e distante da morte em um acidente em Paris de sua ex-nora, Diana.
E quando seus netos Andrew e Harry se casaram, pensou a monarca que a própria imagem da realeza britânica seria renovada. Que nada. Em 2020, Harry abdicou de sua posição de príncipe e se mudou com sua mulher, a atriz negra americana Meghan Markle, para a Califórnia, de onde, em entrevista, acusou a Coroa Britânica de “pouco solidária e racista”.
A despeito de tudo isto, Elizabeth chega ao Jubileu de Platina de seu reinado, o mais longevo da história inglesa, e deixa a mim uma lição preciosa: Em nossa vida, todos os momentos passam, os bons e os maus. O que importa é nossa resiliência em perseverarmos e acreditarmos que, no final, tudo vai dar certo, e continuarmos a caminhada. Longa vida à Rainha!