A temperatura vai subir no Reino Unido. Não é metáfora. Refiro-me à temperatura do clima mesmo. Em algumas regiões da Bretanha, os termômetros registrarão mais de 40 graus Celsius. Pra nós tão comum, é a primeira vez que isso acontece na história por lá. O planeta anda maluco mesmo, mas não sem causa. Nós temos contribuído para as alterações em seu clima.
Poderia o homem destruir o planeta? Claro que que não. Nem mesmo a detonação simultânea de todas as bombas nucleares existentes poderia fazer isso. A Terra tem massa de quase 6 sextilhões de toneladas. O arsenal nuclear existente hoje não faria nem cócegas. Mas o homem não precisa destruir o planeta inteiro para comprometer sua existência. Basta alterar, só um pouquinho, a biosfera, essa faixa que se estende desde 4 mil metros abaixo e 4 mil metros acima da linha do mar.
Nessa faixa de 8 quilômetros se encontram praticamente todos os seres vivos do planeta. Comparando, se a Terra fosse do tamanho de uma laranja, a biosfera seria da espessura de um papel de seda e envolvê-la. Se essa biosfera se alterar levemente, pode estar comprometida nossa subsistência como espécie. E a temperatura é um fator essencial ao bom funcionamento da biosfera. É ela que garante, por exemplo, a regularidade dos regimes de chuva e as janelas de plantio e colheita, por exemplo. Aumentar ou diminuir a temperatura, portanto, pode fazer faltar comida no prato.
A temperatura média do planeta Terra em um ano é de 15 °C. No planeta mais próximo do sol, Mercúrio, os termômetros registram 420 °C de média. No segundo planeta, Vênus, nossa Estrela D’alva, 456 °C. Como assim? Por que a temperatura em Vênus é mais alta que em Mercúrio, já que está mais próximo da fonte de calor comum, o Sol? É que não é a distância em relação ao Sol que determina a temperatura do planeta. Se assim o fosse, o ponto mais quente da Terra seria o Monte Everest. O que define a temperatura da superfície do planeta é a atmosfera.
Vênus tem uma pressão atmosférica 2 vezes maior que a da Terra. E dentre os gases mais abundantes por lá está o dióxido de carbono, gás especialmente importante para o aumento da temperatura. E adivinha o que nós, “gênios” da criação, estamos a fazer aqui na Terra? Exatamente! Estamos jogando dióxido de carbono na atmosfera, bilhões de toneladas todos os anos.
Desde a Revolução Industrial, com o advento da máquina a vapor, a humanidade tem aumentado, ano a ano, a necessidade de energia. E nada melhor para fornecer energia que queimar a natureza! Queimamos petróleo, carvão mineral, madeira, o que tiver pela frente, tudo para a obtenção de energia. Só que, na natureza, nada se perde; tudo se transforma. Para conseguir a energia que precisamos, despejamos bilhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera. Literalmente, estamos extraindo carbono do chão (na forma de petróleo, carvão etc) e lançando-o no ar (na forma de gás). Isso terá consequência.
Os britânicos se preparam para muitas mortes em decorrência do calor que provarão hoje. Toda a humanidade poderá provar, se não o calor, a escassez de comida no futuro. E basta para isto mudar só um pouquinho nossa biosfera. Estamos quase em um “No Return Point” ou, ponto de não retorno. Não podemos fazer isso com as gerações futuras. Uma frase sobre o meio ambiente me impressionou muito, mas não sei seu autor: “não recebemos a Terra como herança dos pais; tomamo-la emprestada dos filhos”. Temos de devolver o planeta em boas condições aos legítimos proprietários dele, as futuras gerações.