O Tropical aprontou comigo! “Mancomunados” com minha filha, Letícia, os integrantes do Departamento de Marketing do supermercado procuraram-me para gravar um clip institucional acerca do aplicativo “+ Tropical”. Pensei: “os caras devem estar ‘rasgando’ dinheiro mesmo!”. Isto, porque já existe campanha promocional do “App” sendo veiculado no mercado.
Ao iniciarmos as gravações, porém, outra mensagem se desenrolou. Fui interrompido por uma música no sistema de som de uma das lojas do Tropical Supermercado, onde gravávamos. No início, irritei-me. Já eram 21h30 (eu durmo às 22h00, no máximo) e a interrupção feita pela canção só prolongaria o trabalho. Quando dei por mim, a música, de composição da “Lelê”, era tocada e cantada por ela, numa homenagem dela a mim e do Tropical, por extensão, a todos os pais.
Senti-me profundamente honrado. Jamais vivi momento como aquele, o qual guardarei na mente e levarei no peito pela eternidade. Passada a emoção do momento, de sobressalto, impressionei-me com a força daquela mensagem. Na honraria, não fui lembrado como advogado, professor, comunicador, locutor ou escritor. Fui lembrado como “pai”. O que para mim é motivo de muita alegria (de fato o que procurei fazer com mais diligência na vida foi ser pai), para nossa sociedade, uma grande preocupação.
A paternidade não vem sendo exercida nos moldes necessários ao desenvolvimento saudável dos filhos. Dias atrás, uma jovem mãe de 4 filhos, em escadinha mesmo, procurou-me pedindo ajuda. Não havia arroz sequer em sua panela para alimentar os seus. Perguntei-lhe sobre o marido. “Abandonou-nos, Vanzeli”. Ele é o pai das 4 crianças. Esse abandono (material, emocional, educacional, moral, afetivo, espiritual etc) é justamente o oposto do que “paternidade” significa.
A humanidade clama por pais de verdade. Talvez por isso mesmo Deus tenha Se apresentado a nós como “Aba” (“Pai”). Vamos combinar que Deus não tem gênero, né!? Ele poderia ser homem, mulher, os dois, ou nenhum deles, caso pretendesse. Não! Ele Se mostra como Pai, e nos encoraja a buscá-Lo assim: “Pai nosso que estás no céu…” é o princípio da oração universal. A paternidade, ou a falta dela, talvez seja onde justamente repousa todo nosso fracasso como sociedade. Sem homens (de verdade) dispostos a pagar um preço pela paternidade, o que resta são apenas provedores de material genético para uma gestação; não pais.
Filho gasta tempo e, às vezes, dá vontade de trocar na feira por dois “radinhos” de pilha. Sim, eles dão muito trabalho. No começo de suas vidas, roubam-nos a namorada, o sono, o dinheiro e, ainda assim, um pai sempre será desesperadamente apaixonado por seu filho (se for filha, ainda mais). Daí, vem a infância, e começa o processo de educá-los. E parece que eles têm uma demência: temos que repetir-lhes diariamente todos os mesmos conselhos. Na adolescência, a vontade é de jogar no lixo. E, na fase adulta, quando se casam, então é que realmente começam as preocupações. Filho custa muito. E vale muito mais.
Precisamos de homens dispostos a pagar o preço da paternidade. Muitos entendem a masculinidade como o ser “garanhão”, “machão”, “brigão”, “durão”. Isso não é ser homem; isso é ser moleque. Homem é o que assume responsabilidade por si e por mais alguém, especialmente pelo filho. Sei que, um dia, estarei diante de meu Criador e sei que fiz muita coisa errada nessa minha peregrinação aqui. Mas tenho certeza de que, naquele Dia, Ele não perguntará quanto dinheiro ganhei, quantos carros ou casas comprei, quantos títulos recebi. Algo como “onde está sua família?” ou “onde estão seus filhos?” deve ser a pergunta a ser formulada. Espero que não precise baixar os olhos de vergonha, ou emudecer os lábios por não ter a resposta naquele dia.
E conclamo aos homens de verdade de nossa comunidade a exercermos a honrosa tarefa de sermos pais. Como recusar a tão nobre serviço?