Ao contrário da Prefeitura de Rondonópolis, que divulgou nota reafirmando restrição ao funcionamento do comércio, empresários, associações comerciais e sindicatos defendem a retomada das atividades. Amparados pelo novo decreto do Governo do Estado que permite a reabertura de diversos estabelecimentos, incluindo shoppings centers, eles estão buscando a Justiça com mandatos de segurança pedindo autorização para reabrirem as portas.
Eles reconhecem que a situação atual demanda cuidados e adoção de medidas recomendadas por médicos e autoridades sanitárias, para evitar a propagação do coronavírus. Mas são categórios ao ponderar que a suspensão das atividades por um longo período acarretará um caos econômico com prejuízos imensuráveis para todos os setores da economia e da sociedade rondopolitana. Lembram ainda do novo decreto publicado pelo governador Mauro Mendes (DEM), mas que Rondonópolis está resistindo a cumprir as determinações.
A Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Rondonópolis (Acir) compartilha do mesmo posicionamaento e já buscou o Judiciário. Em vídeo publicado no final da tarde desta quinta-feira (26), o presidente da Acir, Ernando Cabral Machado, informa que a instituição impetrou mandado de segurança para liberar o comércio de Rondonópolis. Explicou que a Acir tem enviado ofícios à Prefeitura de Rondonópolis para ser analisado pelo Comitê de Crise solicitando a abertura do comércio que tem itens indispensáveis ao setor produtivo. No entanto, afirma que não tem obtido êxito com os ofícios já que o Comitê de Crise não tem divulgado boletins diários.
“Também não fomos convidados para participar desse Comitê e não temos conhecimento de quem são os componentes do Comitê de Crise, imagino que nem a população tem conhecimento das pessoas que estão lá decidindo o destino da cidade, nesse período tão difícil”, relata o presidente da Acir citando que nem o prefeito José Carlos do Pátio tem dado qualquer satisfação ao setor. Assista ao vídeo logo abaixo:
O empresário Jony Ladeia, da Instalsom – Som e Acessórios Automotivos, disse que “a impressão que eu tenho e demais outros empresários que estamos em contato direito aqui, é que o lado político, a velha politicagem está muito além dessa situação economica”, afirma o empresário rondopolitano.
Ele avalia que se as restrições continuarem haverá um “descalabro” e caos sem procedente na economia local e estadual. “A gente ouve falar ai de cidades que estão sendo fechadas com manilha na frente da entrada. Só passa depois de uma longa entrevista e apenas algumas pessoas. O grupo de risco tem que ser resguardado, isso é fato. Mas isolar toda a população e causar esse caos que está sendo, que está claramente o interesse político por trás disso, pra derrubar o presidente, não faz o menor sentido”, diz.
Sobre a decisão do prefeito Zé do Pátio, em manter o comércio fechado, mesmo após o decreto do Governo do Estado, o empresário classifica como um absurdo. “Discordo. É um absurdo as medidas que estão sendo tomadas, principalmente porque não tem nenhum caso comprovado aqui ainda, foi notificado isso agora à tarde e o caos que pode causar do lado econômico é inifintamente maior do que a própria situação da pandemia do covid-19”, pontua.
Apesar do decreto estadual, Ladeia prefere adotar a cautela e não bater de frente com as autoridades locais de Rondonópolis. “Infelizmente a gente tem que seguir o que o decreto manda. Eu não vou peitar sozinho, mas está sendo impetrado mandado de mandado de segurança. Tem empresários que estão ingressando com mandado de segurança indivduais. Eu pretendo fazer o mesmo, meu advogado já está estudando isso”.
Prejuízo de R$ 190 mil – A empresa de Jony está fechada desde a última segunda-feira (23), mas ele observa que o caos com o sumiço da clientela está completando três semanas. Relata que alguns clientes chegaram com orçamentos prontos e não instalaram todos os equipamentos, optando por aguardar para ver o que vai acontecer. “Não foi um, dois ou três, foram vários clientes. Meu segmento é de acessórios, geralmente de carro novo, então é um valor agregado relativamente alto, já teve essa situação”, lamenta o empresário que já contabiliza um prejuízo de R$ 190 mil nesses últimos dias em que está parado.
Ele já dispensou um funcionário recém-contratado. “Estava para vencer o período de experiência dele e tive que fazer dispensa, infelizmente. Até então, eu estava contratando, estava com vaga em aberto. Agora não tem como, na realidade é a primeira ponta que a gente corta. E já não tem mais aonde cortar”, lamenta.
Outro empresário de Rondonópolis que está apelando para voltar a trabalhar é Daniel Alberto Clemente, sócio-administrador da Motofort – Comércio a varejo de peças e acessórios novos para motocicletas. Ele gravou um vídeo ressaltando que a empresa precisa retomar as atividades externa, sua preocupação com a atual situação de Rondonópolis na área da saúde e na área econômica.
“Sabemos que é um vírus e demanda muitos cuidados. Nosso comércio já está fechado há alguns dias e isso vem trazendo muita preocupação a nós empregadores e a muitos empregados também porque tem no serviço o único sustento para sua casa. A situação é delicada, temos consciência disso e sabemos do nosso papel na prevenção do covid-19, mas precisamos restabelecer o nosso atendimento, pois é com ele que vamos vencer o covid e tornar a situação melhor. Porque o comércio fechado vai chegar num ponto insustentável da economia local”, diz o empresário. Assista ao vídeo:
Divulgação
Sincomroo fez reunião e disse que vai respeitar restrições impostas pela Prefeitura de Rondonópolis
Sindicato faz reunião e aguarda desfecho
O Sindicato do Comércio Varejista de Rondonópolis (Sincomroo), presidido por Almir Batista Santana, também fez reunião na tarde desta quinta-feira e decidiu que o comércio local respeitará a quarentena. Ressaltou, no entanto, que “buscará o entendimento junto à Prefeitura Municipal, com o auxílio de outras instituições, para que haja flexibilização do decreto e seja afiançada a abertura das empresas já na próxima segunda-feira (30)”.
Outro lado –
A Prefeitura de Rondonópolis publicou uma nota na qual garante que segue as recomendações das autoridades sanitárias e de saúde e afirma que a vigência do decreto municipal está mantida.
Confira na íntegra
A Prefeitura de Rondonópolis seguindo recomendações do Ministério da Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Comitê de Gestão de Crise, de especialistas e da Secretaria Municipal de Saúde, adotou medidas de prevenção para conter a pandemia de coronavírus (Covid-19) no município baixando vários decretos de forma a proteger a população.
Informamos que os decretos municipais estão mantidos até a sua vigência e será realizada uma reunião com autoridades de saúde e o Comitê de Gestão de Crise em uma data oportuna para analisar a prorrogação ou não dos mesmos.
