Uma propriedade adquirida com dinheiro oriundo de organização criminosa, que agia no tráfico internacional de droga na região Oeste de Mato Grosso, deve ir a leilão neste mês e o dinheiro arrecadado deve ser revertido, em uma ação inédita, em investimentos na Segurança Pública.
O edital de leilão judicial de alienação antecipada dos bens da fazenda Asa Branca, localizada no distrito de Caramujo, em Cáceres, foi publicado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp-MT), no Diário Oficial do Estado, que circulou no dia 22 de setembro.
O leilão ocorrerá em duas datas, a 1ª na próxima quinta-feira (8), às 9h, na sala de Crise da Sesp e a 2ª no dia 20 de outubro, no mesmo horário e local.
Mais de R$ 3 milhões já foram arrecadados no leilão judicial de 1.603 cabeças de gados que estavam na fazenda Asa Branca, no dia 10 de junho deste ano. Segundo a Sesp, o dinheiro foi investido na compra de 1,2 mil pistolas para as polícias Civil e Militar, 40 fuzis e 50 submetralhadoras modelo HK. Uma parte, 600 pistolas, já foram entregues para a Polícia Militar.
De acordo com o secretário de Segurança Pública, Mauro Zaque, do ponto de vista legal, a compra da fazenda está acobertada por decisão judicial e por arcabouço jurídico, o que assegura ao comprador total segurança de que o patrimônio será imediatamente transferido para a sua propriedade. “Os valores auferidos serão depositados em uma conta exclusiva da Segurança Pública e empregados em investimentos para modernização das instituições policiais e equipamentos”, disse Mauro Zaque.
Entenda o caso
Uma operação conjunta do Grupo Especial de Segurança na Fronteira (Gefron) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), no dia 13 de novembro de 2014, levou à prisão de quatro pessoas, apreensão de cerca de 150 quilos de pasta base de cocaína e vários veículos, na fazenda Asa Branca, distante 40 quilômetros do município de Cáceres.
Tudo começou quando os policiais foram cumprir um mandado de prisão expedido pela comarca de Araçatuba, Estado de São Paulo, em desfavor de Aleksandro Balbino Balbuena. O suspeito estava sendo monitorado há pelo menos um ano pelo setor de Inteligência do Gefron.
No dia 11 de novembro, a Polícia Rodoviária Federal encontrou Aleksandro conduzindo um veículo Dodge Ram de placas OJK 0338. No momento da abordagem, Aleksandro disse aos policiais que se chamava Alexandre Pereira Silva. Porém, como os policiais já o conheciam e sabiam que ele tinha uma propriedade rural no distrito do Caramujo, de posse do mandado de prisão, o encaminharam ao Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc) de Cáceres.
No dia 12, os policiais se deslocaram até a fazenda Asa Branca, de propriedade do suspeito, onde encontraram várias armas, entre elas, um fuzil ponto 30, várias pistolas e muitas munições de diversos calibres.