O deputado federal João Campos (PSDB-GO), líder da Frente Parlamentar Evangélica da Câmara, apresentou um projeto de decreto legislativo onde as pessoas receberam tratamento psicológico para o transtorno da homossexualidade.
A proposta do deputado estabelece que Conselho Federal de Psicologia exclua dois artigos da lei que regulamenta os profissionais, onde proíbem a emissão de opiniões públicas ou o tratamento da homossexualidade como um transtorno. Na opinião de Campos, o conselho extrapolou seu poder ao restringir o trabalho dos profissionais e o direito da pessoa de receber orientação profissional.
A psicóloga Daniela Piato é categórica em afirmar que a homossexualidade não é uma doença ou transtorno e por essa razão não pode ser tratada com tal. E em outras culturas, como por exemplo, na Índia o terceiro sexo é aceito com naturalidade e na Grécia antiga a prática era normal, o que existe hoje a questão de crenças e conceitos.
“As pessoas tendem a recriminar o que é diferente de seus conceitos e valores. Assim como os heterossexuais os gays buscam uma forma de satisfação, isso não é uma patologia”, observou a psicóloga que relatou a possibilidade do surgimento de doenças reais com o tratamento de um transtorno inexistente onde a identidade e valores de um indivíduo são sufocados ou reprimidos e em alguns caso pode levar a pessoa ao suicídio devido à pressão e conflitos internos.
Para o presidente do Conselho Municipal LGBT, Cicero Moraes, a proposta é infundada, além de ser um retrocesso no entendimento da Organização Mundial da Saúde (OMS) que desde a década de 1990 que não considera a homossexualidade como uma doença. E contaria a constituição brasileira e a regulamentação do Conselho Federal de Psicologia. “Deve ser uma forma de chamar a atenção, pois a proposta do deputado não possui nenhuma fundamentação”.
O pastor Paulo Ricardo Gonçalves disse que algumas correntes de pensamento sobre a homossexualidade se baseiam na época em que a OMS tratava do assunto como uma doença e somada a algumas linhas evangélicas mais rígidas onde o que não é de Deus é do diabo, tratam do tema com uma rigidez excessiva e muita vezes isso soa como homofobia. Creio que todos estão tentando defender o seu direito de livre expressão e isso não exclui a bancada evangélica, pois são pessoas livres e que podem defender os seus princípios. Porém, precisamos entender que existem várias formas de abordagem sobre o tema e temos a convicção de que acima de tudo, como cristãos, devemos amar a pessoa humana.
“A Bíblia é clara em afirmar que a prática homossexual é errada, assim como uma mentira ou outro pecado qualquer, contudo pelo zelo em seguir o que está escrito muitos não conseguem separar o ato da pessoa. E acabam transformando uma discussão de diferentes opiniões sobre determinado tema por uma batalha pessoal. E isso acontece de ambos os lados!” disse o pastor
O pastor lembrou que o próprio Jesus Cristo quando esteve no mundo andou com pessoas socialmente e religiosamente tidas como pecadoras, como por exemplo, Maria Madalena, Mateus, Zaqueu. Ele nunca escondeu as atitudes erradas das pessoas, mas as respeitava e acima de tudo amava. O pastor ressaltou ainda a necessidade de maior compreensão, aceitação e respeito entre as pessoas, independente de seus erros e acertos, seus credos, etnia ou orientação sexual. Religiosos respeitando e amando os homossexuais ainda que não aceitem a sua prática e homossexuais respeitando a opinião dos religiosos, mesmo que sejam discordantes em relação a sua.