Uma cena chocante vista toda semana no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Rondonópolis, dezenas de animais mortos embrulhados em sacos de lixo e prontos para serem levados para o aterro sanitário.
Grande parte é de cães que contraíram algum tipo doença ou estão com idade avançada e o dono se recusa a gastar pelo tratamento. Segundo o médico veterinário do órgão, Marcelo Oliveira, para se livrarem do bichinho de estimação, essas pessoas procuram o CCZ e assinam um documento autorizando a eutanásia. “Tem pessoas que entregam animais que estão com dermatite (doenças da pele) e acham que é leishmaniose, sem ter feito exame”, revela.
A falta da criação consciente leva algumas pessoas a deixarem animais na porta do CCZ até mesmo fora do horário de expediente. “Nós costumamos encontrar os animais dentro de caixas, sacos, amarrados ao portão do CCZ, soltos. Encontramos cadelas com filhotes, animais que foram atropelados e animais velhos”, afirma o especialista.
De acordo com o coordenador do CCZ, Edgar da Silva Prates, a média de animais que passam por eutanásia por mês pode chegar a 120. “Temos uma média de 30 a 40 eutanásias por semana, mas isso depende da sazonalidade (época) da doença”.
Os animais livres de doenças graves são destinados para adoção. Há quase três anos a ONG Cantinho de Proteção Animal resgata parte dos confinados para tratamento em clínicas particulares. “A ONG encaminha esse bichinho para um veterinário, porque às vezes esses animais possuem doenças fáceis de cuidar, como uma sarna, por exemplo. Logo após o tratamento o destino do bicho é a adoção” explica a voluntária da ONG Elisângela de Oliveira.
Além do CCZ, há outros locais em Rondonópolis onde cães e gatos são abandonados como no Horto Florestal, Parque das Águas, próximo ao Shopping e nos arredores do Posto Mato Grosso no bairro Vila Aurora 3.
O veterinário acredita que para resolver o problema de abandono só com trabalho de conscientização e punição. “Uma conscientização feita nas escolas com grupos de pessoas capacitadas e também o uso da mídia são essenciais. Depois as pessoas que abandonam ou maltratam animais deveriam ser punidas com multas. Se isso ocorrer, daqui a 20 anos já vamos sentir mudanças nessa situação”, conclui.
Segundo o responsável pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) em Rondonópolis, Luís Carlos Pinheiro, uma pessoa flagrada cometendo tal ato pode ser autuada em multa que varia de R$ 500 a R$ 3 mil. “A pessoa é enquadrada pela lei 9605 de crime ambiental. Nesse caso, é chamada para depoimento e em seguida é encaminhada para Promotoria / Ministério Público que vai cuidar do caso”, explica.