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A cidade esquecida

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Em 15 de dezembro de 1953, a Lei Estadual n.º 701, posteriormente alterada pela Lei Estadual n.º 370 de 31 de julho de 1954, criou o município de Chapada dos Guimarães.

“Ô, Chapada, é imenso panorama de beleza!”, anuncia seu hino. De boniteza encantadora, com penhascos e paredões espetaculares, nascentes cristalinas, frondosa vegetação, fauna exuberante, campos limpos, caudalosas cachoeiras, clima generoso e com uma população em torno de 18.000 habitantes, Chapada dos Guimarães completa mais um ano de emancipação político-administrativa.

Apesar da sua beleza cênica e da riqueza cultural de seu povo, Chapada dos Guimarães é uma cidade esquecida. Esquecida pela classe política, pelos mandatários do povo.

Era esperado, e até óbvio, que, com a escolha da capital do Estado como uma das cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, Chapada dos Guimarães, a “Petrópolis de Cuiabá”, com reconhecido potencial turístico e distante apenas 60 quilômetros, fosse contemplada com investimentos públicos. Até porque a cidade cooperou significativamente para que essa escolha ocorresse. Afinal, será um destino obrigatório dos turistas que assistirão à competição em Cuiabá.

Vale dizer, não se pode esquecer que da Copa do Mundo deriva um conjunto de ações com o escopo de impulsionar o turismo, a segurança, a saúde, a educação, a mobilidade e a qualificação das pessoas. Não apenas em Cuiabá, mas também nos municípios adjacentes, principalmente aqueles que têm vocação turística, como é, por excelência, Chapada dos Guimarães.

Assim, a Copa do Mundo, que poderia ser a grande oportunidade de desenvolvimento do município, ao que parece, será apenas um evento esportivo. Não passará disso. Ao que tudo indica, não deixará qualquer legado para a população chapadense. Nada de obras e ações.

Os problemas básicos, a começar pela ausência de infraestrutura do serviço de abastecimento de água (captação e distribuição), da falta de investimento na precária e assassina rodovia MT-251 (cadê a prometida duplicação?), continuarão a ser pauta no “senadinho”.

A saúde precária, que sequer dá conta da demanda ligada à atenção básica à população local, continuará a socorrer, com anêmica estrutura humana e material, os turistas e veranistas que pela cidade passam.

Tudo isso em razão da absoluta falta de competência da classe política mato-grossense, principalmente do Poder Executivo estadual. Cumpre lembrar, a propósito, que o governo do Estado criou a Agência Estadual de Execução dos Projetos da Copa do Mundo (AGECOPA), que prometeu mundos e fundos para o município de Chapada dos Guimarães, sem, porém, conseguir materializar qualquer dos projetos rabiscados em folha papel. Um claro retrato de omissão e descaso para com a cidade e a população.

Bem por isso, caso não haja a devida atenção dos mandatários de cargos eletivos, principalmente do Governador do Estado, Chapada dos Guimarães continuará sendo lembrada por suas riquezas naturais, seu grande potencial turístico e pela cultura de seu povo, mas, sistematicamente, esquecida pelos políticos, que por ela passam para degustarem portentosas garrafas de vinho, num clima ameno e agradável, além, é claro, para captarem votos em época de eleições.

Parabéns à Chapada dos Guimarães por mais um ano de emancipação político-administrativa!

Por César Danilo Ribeiro de Novais

Promotor de Justiça

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