A 1000 dias do início dos Jogos do Rio-2016, Yane Marques ainda luta para conseguir patrocinadores. Mesmo sendo medalhista de bronze no pentatlo moderno em Londres-2012, a pernambucana tem apoio estatal mas não consegue obter patrocinadores privados. No “Arena SporTV”, ela diz que agora aguarda com ansiedade a liberação dos primeiros valores da Bolsa-Pódio, nova modalidade de ajuda governamental aos atletas olímpicos.
– Infelizmente eu faço parte do time dos que ainda não se beneficiaram diretamente com o fato das olimpíadas serem aqui no Brasil. Eu continuo hoje vivendo com o apoio do Exército, do Comitê Olímpico e do Ministério dos Esportes, mas patrocínio de empresa privada e algo mais direcionado à Olimpíada, ainda não. Eu recebi o certificado do Bolsa-Pódio e estou na expectativa, acho que agora está muito mais perto que longe de se concretizar isso e a gente possa receber esse recurso. Estou ansiosamente esperando – afirma a pernambucana.
O Brasil Medalhas 2016 é o novo plano do Ministério dos Esportes para elevar o nível do esporte de alto rendimento. Ele inclui nova categoria no Bolsa-Atleta – a Bolsa-Pódio, que beneficiará diretamente os atletas de modalidades individuais que, entre outros critérios, estejam situados entre os 20 melhores do ranking mundial e com reais chances de medalhas, além de seus treinadores e equipe multidisciplinar (preparador físico, nutricionista, atleta-guia). Nessa primeira etapa do Bolsa-Pódio foram selecionados 59 atletas paralímpicos e 55 atletas olímpicos: 27 no judô, 19 no atletismo, 15 no vôlei de praia e 1 no pentatlo moderno.
– Eu já fui anunciada como atleta beneficiada, já recebi inclusive o certificado, acho que agora o processo está sendo finalizado, falta muito pouco eu tenho certeza, mas a gente ainda não sabe quando que vai receber esse recurso. É delicado, o pentatlo é um esporte muito dispendioso e a vida do atleta é muito curta. Acho que fiz por merecer e estou aguardando este retorno. Acho que três anos é muito pouco tempo para formar um atleta. Como é que gente vai sair de vigésimo e pouco para o ficar entre os dez primeiros do ranking com três anos de investimento? É muito pouco. Mas antes tarde do que nunca, que comece, que os bons frutos sejam colhidos, talvez não em 2016, talvez em 2020, em 2024. Acho que a gente vai colher bons frutos se começar a investir agora – explica Yane.
E como enfrentar essa situação em que não se sabe quando o dinheiro vai sair. Será que Yane ainda alimenta esperanças em relação a uma nova atitude em relação ao esporte brasileiro ou desanima totalmente diante das circustâncias?
– Tenho esperança sempre, acho que tem que ter mesmo, apesar de visualizar uma dificuldade muito grande disso acontecer. Mas é como eu falei, as coisas tardam a acontecer aqui no Brasil, mas está começando. Acho que os olhares estão se voltando melhor para o esporte, eu acredito que essa olimpíada, o melhor dela não vai ser os jogos em si, mas o legados que vai ficar para os atletas, esse investimento como eu falei, para 2020 e 2024. E que se renove, o pentatlo moderno principalmente precisa dessa renovação. E é preciso uma política no esporte para que isso aconteça. Existe um vácuo muito grande entre as gerações dos pentatletas aqui no Brasil. Este investimento será muito bem vindo e torço que seja feito bom uso dele – finalizou a medalhista.