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Ausência de autódromo no Rio revolta Emerson Fittipaldi: ‘É uma vergonha’

Fonte: Da redação com Globo esporte
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Palco de dez Grande Prêmios do Brasil de Fórmula 1, etapas da Indy e de Motovelocidade, o Rio de Janeiro está sem um palco para a prática do automobilismo desde a demolição do Autódromo de Jacarepaguá, em 2013, para dar lugar ao Parque Olímpico do Rio 2016. Para piorar, a construção do circuito de Deodoro, prometida para antes mesmo do fechamento da pista anterior, foi sendo postergada até ser suspensa por tempo indeterminado nesta semana. A notícia deixou revoltado um dos maiores nomes do esporte a motor no país, o bicampeão da F-1, Emerson Fittipaldi.

– É lógico que precisamos ter um autódromo no Rio. É lamentável a cidade não ter um autódromo. É uma vergonha. Todo mundo que está envolvido no automobilismo tem que trabalhar para isso. Todos nós temos que lutar. Eu estarei com o Ministro dos Esportes e com certeza vamos batalhar, vamos trabalhar para ter um autódromo no Rio. Tem que ter autódromo no Rio. Não é nem porque eu quero ou porque vocês querem. A história diz que tem que ter – bradou Fittipaldi em entrevista ao GloboEsporte.com em seu escritório, em São Paulo.

A história que Emerson exalta é o pioneirismo da cidade em organizar provas de automobilismo no país. Foi no lendário circuito da Gávea onde na década de 1920 começaram a ocorrer com regularidade as primeiras corridas no país. Foi no traçado de rua de 11km que contornava o Morro Dois Irmãos que em 1933 o Brasil passou a fazer parte do cenário internacional, ao ter a prova integrando o calendário oficial da FIA. Até a construção do autódromo de Jacarepaguá, a cidade teve outros palcos para a prática da modalidade, como os circuitos da Barra e da Quinta da Boa Vista, todos lembrados por Emerson:

– O Rio que começou corrida no Brasil. Teve alguma coisa aqui em SP no começo, sim. Mas muito mais importante foi o circuito da Gávea, campo do Grande Prêmio Internacional, onde vinha Alfa Romeo, Bugatti, Mercedes, todos carros fantásticos, subia na Rocinha, descia na Tijuca. A primeira corrida que eu me lembro de assistir foi quando eu era moleque. Eu vi a uma corrida no parque da Quinta da Boa Vista e foi a única vez que vi o Fangio correr, em 1957. Eu tinha 10 anos. Foi uma das últimas corridas que ele fez. E o avô da minha esposa, da Rosanna, estava correndo de Porsche com o Christian Heinz. Lembro também de corridas na Barra, e aí já era o Wilson no começo dos anos 1960. E quando fizeram o autódromo eu estava lá correndo. É muita história, muita tradição. O Rio tem que ter um autódromo – lamentou.

E o que deixou Emerson Fittipaldi ainda mais triste foi assistir, em outubro, ao GP da Rússia de Fórmula 1, e ver como era possível ter uma pista construída em meio a um parque olímpico, no caso russo, o dos Jogos de Inverno de Sochi, disputados no início deste ano. O bicampeão lamentou que em 2006 o autódromo de Jacarepaguá foi mutilado para os Jogos Pan-Americanos do ano seguinte, e no ano passado demolido definitivamente para a construção do Parque Olímpico dos Jogos de 2016.

– Primeiro foi descaso do César Maia, destruir um autódromo onde ele mesmo fez um oval, onde havia um misto bacana. Porque não ter deixado parte dos Jogos Pan-Americanos dentro do autódromo? Ficaria até muito mais bonito. Quando eu assisti o GP da Rússia, eu percebi que lamentável que os brasileiros fizeram exatamente o contrário do que os russos fizeram. Foi feita umas Olimpíadas de Inverno e construíram um autódromo dentro, nós tínhamos um autódromo espetacular e destruíram o autódromo para pôr os Jogos, pan-americanos e olímpicos. Parte do parque olímpico e pan-americano podia ter sido construído dentro do autódromo. E agora, como é que vamos fazer?

Vai o palco, ficam as memórias. No Rio de Janeiro, Emerson lembra de ter vivido um de seus momentos mais emocionantes na carreira: o histórico pódio com a Coperscuar em 1978, quando chegou em 2º lugar no GP do Brasil, atrás apenas da Ferrari de Carlos Reutman e à frente de Brabham de Niki Lauda, da Lotus de Mario Andretti e da Williams de Alan Jones, dentre outras grandes equipes da época.

– Para mim, a grande memória foi o GP do Brasil com a Copersucar, quando conquistamos o segundo lugar. Foi uma das minhas grandes conquistas, a maior da equipe brasileira. E foi um dos dias mais felizes para mim, para a equipe, para o público do Rio de Janeiro. Tem tanta história boa da cidade, tanta tradição.

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