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Fabricio Werdum garante: ‘Vou cansar o Hunt para depois vencê-lo’

Fonte: Da redação com Globo esporte
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Relaxado, Fabricio Werdum recebeu a equipe do Combate.com em seu quarto no hotel na Cidade do México na manhã desta segunda-feira. Demonstrando muita tranquilidade, o peso-pesado falou por cerca de 30 minutos com a reportagem, e revelou que, além de entrar com uma música mexicana para o octógono, já tem planejada uma grande comemoração pelo cinturão interino dos pesos-pesados do UFC em Porto Alegre, com direito a carreata gremista e desfile em carro do Corpo de Bombeiros da capital gaúcha. O gaúcho ainda disse que, caso vença Mark Hunt neste sábado, deve enfrentar Cain Velásquez em julho ou agosto de 2015 pela unificações do título

O lutador também detalhou a intoxicação por monóxido de carbono que sofreu em Toluca e a sua preparação na pequena Jiquipilco, a 4000m de altitude. Além disso, falou sobre as estratégias de luta e comparou os momentos que viveu há cinco anos, quando venceu Fedor Emelianenko, e agora, a um passo de conquistar o cinturão do UFC. Werdum também não perdeu a chance de brincar com seu amigo Wanderlei Silva, que perdeu o desafio de futebol entre os técnicos do TUF Brasil 3 para Chael Sonnen.

Confira a íntegra da entrevista exclusiva:

Como soube da troca de adversário e o que sentiu

– Eu estava treinando lá em Jiquipilco, uma cidade em que ficamos dois meses e que fica a 3.500m de altura. Eu estava descansando do treinamento quando o Dana White me ligou e disse que tinha duas notícias, uma boa e outra ruim. A boa era que eu lutaria pelo cinturão dia 15 de novembro, e a ruim é que não seria mais contra o Velásquez, e sim contra o Hunt, porque o Velásquez machucou o joelho. Eu disse a ele que estava preparado porque meu foco é o cinturão e não importava contra quem fosse. Mas claro que eu queria enfrentar o Velásquez, porque ele é o campeão e é para ele que eu estava me preparando, ficando dois meses na altitude do México. Na hora eu tomei um susto, e me pediram pra não falar nada, mas dez minutos depois o telefone começou a tocar e todo mundo já sabia.

Favoritismo contra Mark Hunt

– Eu não ponho na minha cabeça que eu sou o favorito. Não gosto disso. A pressão existe quando você não está treinado ou está lesionado e tem que lutar. Quando você está treinado, preparado, a pressão não existe. Eu nunca fui o favorito. Sempre fui a zebra e sempre mostrei que, quando ninguém acredita, eu vou lá e provo o contrário. O último exemplo foi a luta contra o Travis Browne. Mostrei que estava bem em pé e no chão e ganhei dele na área dele, que é a trocação.

 Título dedicado à equipe e à família

– Eu quero e vou ganhar porque quero isso, estou treinando para isso pela minha família, pela minha equipe que me acompanha há tantos anos e que larga tudo para isso. Todo mundo tem sua academia, sua família, e todos largaram tudo para estar aqui comigo. O Rafael Cordeiro, o Renato Babalu, meu irmão… Todos vieram aqui me ajudar a realizar o sonho de todo mundo. Quando eu ganhar, vou dedicar a eles e à minha família, a minha mulher, Carina, e à minha filha, a Joana, que tem oito meses e eu mal vi dar os primeiros passinhos. Fico em contato pela internet, nos falamos direto. Minha esposa me deixa tranquilo, não me incomoda com nada. Sofre muito, mas me deixa tranquilo para treinar e me preparar. Por isso vou dedicar a elas duas e à minha equipe o cinturão.

Comemoração planejada em Porto Alegre

– Eu tenho muito orgulho de dizer que sou brasileiro e gaúcho. A primeira coisa que vou fazer quando ganhar o cinturão é ir para Porto Alegre comemorar com a torcida do Grêmio. Tenho uma relação muito boa com eles e já me disseram que vão fazer uma recepção bem grande aeroporto, com uma carreata até a Arena do Grêmio com carro do Corpo de Bombeiros e tudo. Vai ser bem legal. Vou ser o primeiro gaúcho campeão do mundo. E não importa que seja título interino. A unificação vai acontecer no futuro. Não estou subestimando o Hunt, mas estou muito bem treinado e vou ganhar. A luta da unificação, contra o Velásquez, vai ser aqui mesmo, no México, em julho ou agosto de 2015, porque ficaram devendo essa presença do Velásquez aqui. Mas não tem o que fazer, claro que ele ia querer lutar, mas lesões acontecem. Acho que ele já tinha uma lesão que foi agravada, e quando ele viu que não daria pra lutar, operou logo o joelho.

 Intoxicação por monóxido de carbono em Toluca

– O problema com a intoxicação por monóxido de carbono aconteceu em Toluca, logo no primeiro dia que ficamos lá. Nós alugamos a casa sem olhar direito, e à noite, como não tinha luz, deixamos o gerador ligado e fomos dormir. Meu irmão, por volta de 3h da manhã, percebeu que estávamos nos intoxicando e rastejou até o lugar e desligou o gerador. Se não fosse isso, morria todo mundo. Ou nem todos, porque a casa era grande. Mas uns três ou quatro morreriam com certeza. O médico disse que se demorasse mais duas horas morreríamos todos. Ficamos mal, vomitando, com dor de cabeça, diarreia. Intoxicados mesmo. Tomamos soro, recebemos oxigênio e ficamos bem. Saímos de lá no dia seguinte. Até brincamos dizendo que, se aquilo não nos matou, nos fortaleceu (risos).

Encontro com Juan Manuel Márquez e preparação na altitude

– O UFC sempre me manda para eventos na América Latina, e eu tenho uma relação muito boa com o pessoal da Polícia Federal mexicana, com o Chefe Castro que é comandante deles no país. O Mário Delgado é o representante do Renzo Gracie no jiu-jítsu no país, e conseguiu que fosse feita uma propaganda para que as pessoas me conhecessem mais aqui. Fizeram um evento muito grande no quartel general da Polícia Federal, fui muito bem recebido por todos. Tinha até um banner gigante com dizeres de boas-vindas e tudo. Também estava o Juan Manuel Márquez, boxeador mexicano que nocauteou o Manny Pacquiao, e eu sentei ao lado dele, mas não o conhecia. Ficamos batendo papo e eu perguntei como ele fazia para se preparar para a altitude. Eu disse que viria duas semanas antes e ele me disse que o mínimo que eu deveria fazer era dois meses. Ele, que é daqui, se prepara em Jiquipilco três meses antes das lutas dele. O Márquez me apresentou o preparador físico dele, que é especialista em preparação na altitude e está com ele há 20 anos. A partir dali eu decidi. Se ficasse duas semanas eu sentiria muito. Acabou que o preparador físico dele ficou comigo a preparação toda. Foi muito bom, porque eu me preparei a 4000m de altitude. Aprendi várias técnicas de respiração, de recuperar o fôlego na altitude, para evitar a hiperventilação.

Ídolo no México e música mexicana para entrar no octógono

– A minha relação com o público da América Latina é muito boa, porque eu comento o UFC na TV em espanhol. Sou muito querido por eles. Dizem que eu sou mais mexicano que o Velásquez, porque ele fala mal espanhol. Eu brinco muito com os mexicanos, que são muito parecidos com os brasileiros, são mais abertos. Em Jiquipilco eu conheci o Condor, que é o cara que coordena o boxe na região, e ele conseguiu ambulância, carro de polícia com escolta para a gente o tempo todo que ficamos lá. Se eu lutasse contra o Velásquez, 80 a 90% da torcida seria para ele. Agora, como representante da América Latina, devo ter 80 a 90% do público a meu favor. Vou até entrar com uma música mexicana muito tradicional, que todos conhecem aqui: Cielito Lindo. Me falaram que, quando tocar na minha entrada, todo mundo vai cantar junto. Se eu fosse enfrentar o Velásquez, botaria música brasileira, porque ficaria forçado botar música mexicana contra ele. Não seria natural. Mas como vou representar os latinos, vai ser legal fazer isso.

 Estratégia para a luta

– Conversei com a minha equipe e decidimos que manteríamos o mesmo foco, mudando a estratégia. Ao invés de defender as quedas eu vou ter que derrubar o Mark Hunt, botar ele pro chão quando tiver oportunidade. Claro que não vai ser no começo, porque ele vai estar muito arisco, preparado para a botada para baixo. A estratégia que estamos traçando é manter a distância e ter cuidado com uppercuts e combinações de cruzados e diretos, que ele faz muito. Quero fazê-lo queimar os golpes, fazendo muita finta e movimentação para cansá-lo e, no segundo ou terceiro round, ou até onde ele aguentar, pegá-lo e tentar levar a luta para o chão, ou tentar uma surpresa como um chute alto ou uma joelhada. Ele já está com 40 anos, vamos ver. O Hunt é muito gente boa. Outro dia eu estava na piscina do hotel, que é exclusiva pra quem está na área em que nós estamos hospedados, e eu estava brincando de esgrima com o Lucas na água. Quando vi, o Hunt estava olhando da varanda dele. Eu falei com ele e brinquei dizendo que ele estava espionando, e ele riu e disse que só um pouquinho (risos). Ele não é nada marrento. Quando ele disse que a minha faixa-preta ia sumir quando o soco entrasse, eu entendi. É a promoção da luta. Eu já o conhecia de outros evento e sei que ele é muito legal. Mas a luta deve ser como a que eu fiz contra o Roy Nelson: inteligente. Porque o que interessa é ter a mão levantada no fim.

Foco em ser o melhor

– Eu não quero ser mais um lutador. Quero ser o campeão. Estou fazendo um documentário agora, com uma equipe que ficou comigo durante os dois meses de preparação, que vai mostrar a minha história. Sempre que eu botei um objetivo na minha vida, eu atingi. Fui três vezes campeão mundial de jiu-jítsu, duas vezes campeão do ADCC, e agora, aos 37 anos e na melhor fase da minha carreira, eu vou mostrar ao mundo e a mim mesmo que eu posso e vou ser o campeão. Eu tenho certeza que vou conseguir.

Lutar no Brasil como campeão

– Com o cinturão eu vou ter um pouco mais de moral, né? Com certeza eu vou falar com o Dana White para, se não for lutar contra o Velásquez, que eu defenda o cinturão interino no Brasil, e em Porto Alegre. E vou pedir pra ser na Arena do Grêmio, que eu tenho certeza que lota. A torcida do Grêmio ia lotar o estádio com toda certeza. Seria mais um sonho realizado.

TUF Latin America

– No TUF, no desafio de futebol dos técncos eu saí perdendo. Mandei na trave. Quando vi a bola batendo lá eu pensei: “Meu Deus, não posso perder no futebol.” Se bem que o Sonnen ganhou do Wanderlei, né? Mas ali foi o seguinte: quando eu vi que seria desafio de habilidade no futebol, eu desisti. Sabia que o Wanderlei ia perder. A vontade ali é muita, mas a habilidade é zero (risos). Achei legal a minha participação no TUF. As principais diferenças foram a organização, porque os americanos têm muito mais experiência por terem feito muito mais vezes o programa. Lá a gente não esperava nada pra gravar. No Brasil a gente esperava até cinco horas pra gravar. E os atletas do meu time, que não tinham experiência. Os cartéis dos meus eram 1-0, 2-1, enquanto os mexicanos tinham 10-1, 15-1. Faz muita diferença. E o meu time era muito menor. Quando o Dana avisou que seria México contra o restante dos países, e que eu vi o tamanho dos meus atletas, percebi que a coisa ia ser dura. Mas vi que eles tinham muita vontade, muito coração. Os caras têm essa coisa de querer vencer. O Leonardo, que é do meu time e está na final dos penas, recebeu a notícia que estaria no TUF em um campo de colheita de arroz no Panamá, com água na cintura. E, na casa, era calado, na dele, mas muito focado. Quando todo mundo estava conversando, ele ficava sozinho, treinando cotoveladas e caneladas na porta. Acho que tem boa chance de vencer. Treinou conosco na Califórnia recentemente e tem boas chances.

 Razão pelo México não ter grandes lutadores nascidos no país

– Acho que os mexicanos não estouraram ainda porque o MMA é muito novo na América Latina. Os americanos com sangue mexicano sobressaem. O Kelvin Gastelum e o Dennis Bermudez também estavam em Jiquipilco. O boxe aqui ajuda muito no MMA, porque basta aprender a base do wrestling, do jiu-jítsu. Mas os caras têm sangue de guerreiro mesmo, e daqui a pouco despontam.

Comparação de vencer Fedor e ser campeão do UFC

– A melhor luta da minha vida foi a vitória contra o Fedor. Ainda não posso comparar essa com a vitória que me dará o cinturão interino, porque ainda não aconteceu. Depois que eu ganhar eu vou poder responder. Mas acho difícil que eu sinta aquela sensação. Financeiramente não foi muito bom, mas a partir dali passaram a me conhecer, porque essa vitória fica pra sempre. Mas eu não gostei do Fedor perder mais duas lutas depois, porque eu queria ter sido o único a derrotá-lo. E foi chato o pessoal ficar falando mal porque ele perdeu, dizendo que ele estava em decadência. Se ele tivesse vencido, diriam que ele era o invencível e estava no auge. Olha a história do cara. Pra mim, até hoje, foi o melhor da história. O Anderson também, mas acho que a história do Fedor é muito maior que a do Anderson. Hoje estou com a mesma sensação de tranquilidade que a da luta contra o Fedor. Mas essa preparação de agora foi a mais difícil, por ter sido feita na altitude, dois meses antes já aqui, longe da família. Pra luta do Fedor eu treinei em Los Angeles.

 Encontro com Ronaldinho Gaúcho

– O encontro com o Ronaldinho Gaúcho aconteceu por meio do Lucas Pires, meu empresário, que está em contato com o Assis, que é irmão e empresário do Ronaldinho. Um dia ele me perguntou se eu não queria ir a um churrasco na casa do Ronaldinho. Foi bom para dar uma relaxada dos treinos. Saímos de Jiquipilco escoltados pelos Federais e fomos até a casa dele. Ele nos recebeu muito bem em Querétaro, em um condomínio fechado onde só moram jogadores. Foi muito simples, e gaúcho quando encontra gaúcho já vai logo falando as gírias, se dá bem na hora. Ainda mais gremistas. Um amigo dele fez o churrasco pra gente, e estava bom, apesar dele ser carioca (risos).

UFC 180
15 de novembro de 2014, na Cidade do México (MEX)
CARD PRINCIPAL
Peso-pesado: Fabricio Werdum x Mark Hunt
Peso-meio-médio: Kelvin Gastelum x Jake Ellenberger
Peso-pena: Dennis Bermudez x Ricardo Lamas
Peso-meio-médio: Edgar Garcia x Hector Urbina
Peso-meio-médio: Chris Heatherly x Augusto Montaño
CARD PRELIMINAR
Peso-galo: Jessica Eye x Leslie Smith
Peso-pena: Yair Rodríguez x Leonardo Morales (Final do TUF Latin America)
Peso-galo: Alejandro Pérez x José Quiñonez (Final do TUF Latin America)
Peso-pena: Marlon Vera x Marco Beltrán
Peso-galo: Guido Cannetti x Henry Briones

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