Mesmo as mulheres contribuindo mais no trabalho global, a população masculina é quem predomina no ofício remunerado. Enquanto as mulheres contribuem com 52% do trabalho, os homens participam com 48% e quando são pagas, as mulheres ganham 24% menos que os homens. As informações foram divulgadas pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
O documento aponta que na América Latina e Caribe, elas ganham 19% menos e são frequentemente excluídas dos cargos superiores de gestão. Grande parte dos serviços não pagos ficam para as mulheres, principalmente os domésticos, onde são 83%.
De acordo com a coordenadora do Relatório de Desenvolvimento Humano Nacional do Pnud, Andréa Bolzon, os dados mostram que é preciso começar a focar nessa questão da desigualdade de remuneração. “É inaceitável que um homem e uma mulher façam a mesma coisa e a mulher ganhe menos. Tem aí um trabalho mais profundo, mais cultural, de transformar as normas sociais que excluem as mulheres do trabalho”, disse a coordenadora.
O relatório sugere que sejam tomadas medidas para garantir a igualdade de remuneração, combater o assédio e as normas sociais que excluem mulheres do trabalho remunerado. “Só então poderá a sobrecarga do trabalho de prestação de cuidados não remunerado ser partilhada, dando assim às mulheres a possibilidade de integrar o mercado de trabalho”, diz o texto.
SOBRE O RELATÓRIO
O relatório aponta que os efeitos das novas tecnologias reduzem a demanda por trabalhadores menos qualificados, beneficiando mais fortemente aqueles com alto grau de instrução. Técnicos matemáticos, empregados da área de contabilidade, técnicos de biblioteca, árbitros esportivos e caixas são alguns dos ofícios com mais probabilidade de, no futuro, serem substituídos pela automatização.
‘Por definição, essa mudança favorece as pessoas com maior capital humano, o que polariza as oportunidades de trabalho’, diz o documento.
A pesquisa sugere que o momento é o ideal para que as pessoas busquem adquirir ‘capacidades especiais’, pois elas poderiam aproveitar as tecnologias para agregar valor ao seu trabalho. Por outro lado, ‘nunca houve pior momento para se ter um perfil de trabalhador que só tem competências comuns, já que computadores, robôs e outras tecnologias estão adquirindo essas competências com rapidez extraordinária’.