Nos últimos dias, temos presenciado inúmeras notícias referentes a um perigoso jogo chamado: BALEIA AZUL. Este jogo/desafio teve seu início na Rússia, e tem se espalhado por todo o mundo, deixando todos em alerta. O jogo é composto por 50 etapas, onde a última etapa de n°50, consiste em fazer com que o participante cometa suicídio. Agora vem a pergunta: Porque tantos jovens e adolescentes entram nesse jogo?
Fazendo uma breve reflexão, podemos ponderar que a família não é a única e exclusiva responsável a respeito disso, porém, têm sua parcela de contribuição para tal. Como um adolescente passa por 50 longas etapas deste jogo, no qual algumas destas consistem em se automutilar, e como ninguém desconfia de nada?
De acordo com o Psicólogo Clínico de Orientação Humanista Centrada na Pessoa Antônio Marcos Lima Vieira, alguns dos principais fatores que contribuem para isto, trata-se da falta de atenção, afetividade, carinho, cuidados, de um olhar ou até mesmo uma conversa do tipo: “como foi seu dia filho (a)? ”. Vivemos na era da proximidade física, já que a emocional a cada dia está mais escassa.
Sim, são os pais e cuidadores, os responsáveis por nutrir esses jovens e adolescentes de afetividade e de oferecer seu ombro amigo para dizer: “estou aqui para o que precisar”. É necessário que esses jovens sejam estimulados para sua livre expressão de sentimentos e saber que os pais, os cuidadores ou até mesmo professores, são um canal aberto de comunicação para expressarem seus sentimentos.
Segundo Lima a adolescência é uma fase de mudanças e transformações, tanto psíquicas como físicas, onde aqueles que estão passando por estas, necessitam de alguém ao seu lado para atravessar este período complexo.
“É perceptível em alguns ambientes que tenha pais e filhos juntos, como por exemplo, filas de espera ou restaurantes que, estas crianças, jovens e adolescentes têm sido na maioria das vezes deixadas em “stand-by” (em espera). É perceptível que alguns pais, a todo o momento estão ao celular, crianças em posse de tablets e celulares de última geração, jogando ou entretidas em algo que, por ilusão dos adultos, imaginam que isso pode suprir parte do que é oferecido por um pai ou uma mãe”, aponta.
Brincar, dar beijos, abraços e dizer a palavra “te amo”, em muitos casos é virtual esquecendo-se que estes jovens e adolescentes precisam de afeto, acolhimento e que alguém realmente os escutem, porque ultimamente muitos deles apenas tem sido ouvidos. Escutar vai além de ouvir, escutar é prestar atenção, dar importância e realmente compreender o que o outro está dizendo.
Como foi dito, logo no início, os pais não são únicos e exclusivos responsáveis dos jovens estarem vulneráveis ao jogo da “baleia azul”, falta ainda à implementação de projetos de promoção de saúde mental nas escolas para provocar a reflexão de crianças, adolescentes e jovens sobre esta temática que é muito séria e que não pode ser banalizado em pleno século XXl.
O suicídio é preciso ser falado e discutido com este público, mas infelizmente existe um grande tabu, onde parte da sociedade entende que, se esta temática for discutida abertamente pode influenciá-los negativamente de alguma forma.
Aos que acham que os jovens e adolescentes são suscetíveis ou foram vítimas deste desafio, intitulado de baleia azul, é “falta do que fazer” ou “frescura”, é hora de refletir sobre esse julgamento carregado de preconceito. Que o foco de tudo isso não seja a baleia azul, e sim as pessoas e o valor inestimável que elas têm, porque ao culparmos a baleia azul estamos tentando nos isentar de responsabilidades.