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Tabus do sexo fazem mal à saúde

Da Redação com Saúde
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A censura à obra de Stephanie é uma evidência de quanto o sexo e a masturbação em particular (principalmente a feminina) continuam nutrindo tabus. “A prática sexual é historicamente reprimida, sobretudo em relação à mulher, como se não fosse legítimo vivenciar o sexo apenas por prazer”, analisa a médica Lúcia Alves, presidente da Comissão Nacional Especializada de Sexologia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia(Febrasgo).

Essa visão tende a gerar angústia e sabotar o próprio autoconhecimento do corpo. “Sabemos que mulheres que se masturbam se conhecem melhor e têm uma experiência sexual mais saudável”, nota a psiquiatra Alessandra Diehl, da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana. “Falamos de uma questão íntima que deve ocorrer em ambiente privado, mas que acaba rejeitada até nesse âmbito”, completa.

A masturbação é só um dos temas controversos dessa trama, também cercada de tabus quando o assunto envolve o sexo a dois. Falta de diálogo, medo de julgamentos, dificuldade de relaxar, ansiedade… Esses são alguns dos fatores que estorvam a relação e dão margem ao aparecimento de problemas de ordem física e mental. “Tudo isso é consequência de uma visão em que o sexo é encarado como algo velado, não permitido e até sujo”, argumenta Lúcia. “A meu ver, o que mais prejudica é esse clima de pecado e transgressão que pode levar as pessoas a vivenciarem o sexo de forma clandestina”, aponta a especialista.

Nessa marginalidade, por assim dizer, é a saúde que vira vítima da situação. “Os tabus geram comportamentos de risco, deixando as pessoas mais vulneráveis a condições como doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), gravidez não planejada e até depressão”, afirma a psicóloga Kay Francis Leal Vieira, do Centro Universitário de João Pessoa, na Paraíba. Um dos motivos disso é que, com receio de se expor, o indivíduo negligencia qualquer tipo de orientação.

Nesse contexto, a sempre citada camisinha não raro fica em segundo plano. “Deveria ser simples: sem preservativo, sem sexo! Quando não tiver, é melhor investir numa relação sem penetração e, consequentemente, sem riscos”, defende a ginecologista Sandra Scalco, que também integra a Comissão Nacional de Sexologia da Febrasgo. Na prática, sabemos que não é bem assim – e que é expressiva a quantidade de jovens que ainda deixa o método de lado. O resultado desse comportamento é o recente recrudescimento no número de casos de HIV e sífilis nessa população.

É claro que os tabus de hoje não têm o mesmo peso e verniz de cinco décadas atrás, tempos em que mal se falava de sexo em casa. No entanto, embora o assunto esteja na boca do povo, no WhatsApp e nos programas de TV, ainda reina uma expressão de falsa naturalidade no rosto das pessoas quando algum tópico mais quente surge.

Em geral, figuram como piada ou tema que deveria ser banido de qualquer conversa séria. “São bloqueios como esses que limitam o exercício sexual saudável e perpetuam a presença de doenças”, alerta Sandra. Quer um exemplo? Disfunção erétil. “A maioria dos homens com a condição não fala com o médico e sofre em silêncio. E hoje existem ótimos recursos para tratá-la”, diz a profissional da Febrasgo.

Na ala feminina não é diferente. Uma pesquisa realizada a pedido da farmacêutica Teva com 1 007 brasileiras com idade a partir dos 16 anos descobriu que um quinto das entrevistadas nem sequer sabia o que era ressecamento vaginal, problema mais comum com a idade e capaz de provocar dor e ardência durante a relação sexual. Sim, apesar de tanto avanço, homens e mulheres continuam derrapando no autoconhecimento.

 

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