O Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) recebeu denúncia contra os coronéis Zaqueu Barbosa, Ronelson Barros e Evandro Lesco, ex-chefe da Casa Militar, o tenente-coronel Januário Batista, e o cabo Gerson Correa Júnior, todos da Polícia Militar, por crimes como prevaricação e falsidade ideológica. A denúncia do Ministério Público (MP) foi acatada na sessão do Pleno do TJMT na quinta-feira (14). Eles são suspeitos de envolvimento no escândalo dos grampos na PM.
Pessoas que não eram suspeitas de terem cometido crimes foram espionadas, entre elas jornalistas, uma deputada de oposição, médicos, servidores públicos, empresários, advogados e um desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, entre 2014 e 2015.
Eles foram denunciados por ação militar ilícita, falsificação de documento, falsidade ideológica e prevaricação. Os crimes dos quais os policiais são acusados estão previstos na legislação militar.
Entres os crimes, os militares foram denunciados por falsidade ideológica após apresentar números de telefones sob o falso argumento de que pertenceriam às pessoas investigadas pela prática de crime de tráfico de drogas e organização criminosa; falsificação de documento, já que os militares teriam emitido documentos com carimbos e rubricas falsos da Diretoria Central de Inteligência (Daci).
Ainda na sessão do Pleno, o desembargador Orlando Perri, relator do caso no TJTM, apontou que o número de interceptações feitas a partir de 2014 pode chegar a 70 mil números. As operadores de telefonia devem repassar ao órgão as informações sobre as interceptações.
Os cinco militares chegaram a presos pela susposta participação no esquema. Dos acusados, ainda estão presos o coronel Zaqueu Barbosa, ex-comandante da PM, e o cabo Gerson Luiz Ferreira, presos desde maio deste ano. Já os coronéis Lesco e Barros, presos em junho, tiveram conversão de pena e
cumprem prisão domiciliar.O ex-secretátio da Casa Civil, Paulo Taques, que é primo do governador Pedro Taques (PSDB), também foi preso durante as investigações. Ele é suspeito de ordenar grampos clandestinos operados pela Polícia Militar no estado. Paulo Taques deixou a prisão quase uma semana depois de ser preso.
O esquema
O esquema foi denunciado à Procuradoria-Geral da República pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, que foi secretário de Segurança em 2015. Ele diz que recebeu denúncia do caso naquele ano e que alertou o governador Pedro Taques.
Agora, a PGR investiga se Taques sabia do crime e de quem partiu a ordem para as interceptações. O governador, por sua vez, nega que tinha conhecimento sobre o caso.
Os telefones foram incluídos indevidamente em uma investigação sobre tráfico de drogas que teria o envolvimento de policiais militares. O esquema é conhecido como barriga de aluguel.